Eis que a profecia autorrealizável se cumpriu. “PT deixa o governo após 13 anos” é a frase-slogan de triunfo de um grupo político 4 vezes derrotado nas eleições e estampado neste 31 de agosto de 2016 no site da Globo, deixando claro o que estava em jogo no impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
A operação jurídico-midiática que viabilizou o impeachment também explicitou um fato sabido: o negócio da mídia brasileira não é jornalismo e nem notícias, é construção de crise, instabilidade e “normalidade”. É o que podemos chamar também de novelização das notícias e uma tentativa exaustiva de “direção de realidade”.
Foi o que vimos desde o editorial de 1º de janeiro de 2015 de O Globo, que dava um ultimato a então presidenta Dilma Rousseff, eleita por 54 milhões de votos: “Margem de erro para Dilma ficou estreita”, e mais tarde nos editoriais da Folha de S.Paulo e do Estadão que pediam sem rodeios o impeachment e destituição da presidenta. Os jornais e mídias em uníssono falando de uma economia “em coma”, desemprego, insatisfação da FIESP, dos empresários, dos ricos e da classe média em revolta.
Neste período, vivenciamos um apocalipse-Brasil diário com os vazamentos da Lava Jato, prisões coercitivas, delações premiadas em série e pautas-bombas lançadas em operações casadas entre o judiciário, a polícia e seu braço comunicacional, a mídia. Uma narrativa histérica, novelizada e em transe, produzindo tempestades emocionais que anunciavam o “Juizo Final”, expressão retomada pelo Estadão no editorial de 31 de agosto celebrando a “profecia” anunciada da destituição da presidenta do Brasil.
A tempestade midiática foi calibrada e modulada, sua velocidade e intensidade foi gerida.
A tempestade midiática foi calibrada e modulada, sua velocidade e intensidade foi gerida, sendo desacelerada a partir do dia 13 de maio de 2016, com Dilma já afastada pelo rito do impeachment. No dia da posse de Michel Temer como interino, a narrativa midiática em um passe de mágica se transformou, e já o editorial de O Globo profetiza em suas páginas o retorno a uma súbita normalidade: “Otimismo com o novo tom do Planalto”.
As pautas bombas desaparecem ou diminuem, a histeria e o alarmismo dá lugar a uma mídia de “pacificação” simbólica, como nas operações “pacificadoras” nas favelas cariocas. Produção de um discurso de segurança artificial e que “acalma” eleitores, empresários, “acalma o mercado” e diz que “agora” tudo está sob controle com a chegada de um “operador político” confiável.
Todas as ações de desmonte do interino Michel Temer foram saudadas pelo Globo nos cadernos de Opinião, Economia, Editoriais, como pautas positivas, a serem celebradas: “A acertada suspensão do Ciência sem Fronteira”, “Conheça os absurdos que ainda sobrevivem na CLT”, “Crise força o fim injusto do ensino superior gratuito” foram algumas manchetes da lavagem midiática do desmonte e mudança abrupta do programa chancelado em 2014 pelas urnas.
Em contínuos “atos falhos” e depois de chamar Temer de “presidente eleito”, O Globo se adianta ao julgamento no senado e chama Dilma de “ex-presidente”, antes mesmo do Senado tê-la julgado.
Sintomaticamente, no dia em que a presidenta do Brasil estava sendo julgada e fazia sua defesa durante 14 horas seguidas, respondendo sobre atos fiscais, economia, política, relações internacionais, programas sociais, a Rede Globo ensinava a cozinhar e fritar ovo e na sequência exibiu o filme “A fada do dente”, como se não tivessem “nada a ver” com todo o processo.
Uma decisão não simplesmente “comercial”, pois interromperam sua programação e transmitiram em pleno domingo a sessão que admitiu o impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados, dando voz aos homens mais raivosos e os mais retrógrados do parlamento. Já a fala de defesa da Presidenta no Senado foi simplesmente ignorada pelo canal aberto com mais incidência na opinião pública, em um momento histórico e decisivo para o Brasil.
Se um impeachment não é importante, o que seria um fato jornalístico então? Ignora-se a vida da polis, ignora-se o fato de as televisões abertas serem uma concessão pública. Esse é o poder da mídia no Brasil, amplificar ou silenciar os fatos. Dizer o que é ou não importante.
A novelização da crise, sua roteirização, espetacularização, produziu uma telenovela do real na TV, nos editoriais nas manchetes de jornais e revistas da grande imprensa, explicitaram assim o devir-partido das mídias, atuando como uma das grandes forças de desestabilização política e de construção de personagens e cenários.
A performance admirável da presidenta diante dos seus acusadores, durante 14 horas, recebeu de O Globo o carimbo do personagem construído. No editorial do dia 31 de agosto e nos comentários da Globo News, pouco importava o fato, mas o juízo de valor já consensuado: “Na extensa parte da sessão em que respondeu a perguntas e críticas de senadores, foi a Dilma de sempre: irritadiça, autoritária, confusa”.
Nos últimos 13 anos, fomos submetidos a uma tempestade semiótica e cognitiva, uma operação de justiçamento midiático em tempo real.
O editorial se apressa em desqualificar o “fantasioso ‘golpe parlamentar’, sustentado numa ficcional trama urdida nos porões do TCU, da qual se valeu Eduardo Cunha para chantagear a presidente” e qualifica o seu próprio texto como “o fiel resumo do que foi o embate destes oito meses”.
Nos últimos 13 anos, fomos submetidos a uma tempestade semiótica e cognitiva, uma operação de justiçamento midiático em tempo real. Tendo como alvo o PT, um ex-presidente e uma presidenta, Lula e Dilma, os movimentos sociais e de esquerda, os ativistas apresentados como vândalos, baderneiros, black blocs, a construção de inimigos públicos número um, que encarnam de forma alternada, mas constante, o lugar do mal a ser extinto, deposto, reprimido. Esse linchamento midiático, difamação, destruição de reputações, exposição da vida privada prepara o terreno para a aceitação de praticamente qualquer manobra jurídica ou parlamentar numa operação casada.
A política é demonizada e se constrói um campo negativo em que lideranças, militantes partidários, ativistas, o campo cultural engajado, são vistos com suspeição, como “profissionais da política” distintos do cidadão “comum”, pensado na condição de plateia ou torcedor. Essa estratégia midiática de polarização produz um debate pautado pela lógica de torcidas de futebol, com base na intolerância e no ódio, na retórica do “nós” e “eles”, os que têm que ser vencidos.
Nós, os cidadãos, os indignados, os espontâneos, e eles, os militantes, os vermelhos, os “profissionais” da política, os que têm interesses, os aparelhados, aqueles nos quais não podemos confiar. Esse é o lugar do ativismo no roteiro.
Essa polarização redutora, já experimentada nas eleições de 2014, chegou ao seu cúmulo com os infográficos de jornais que apresentavam a esplanada dos Ministérios de Brasília dividida em duas “alas” (contra e pró-impeachment) por um muro, na votação da admissibilidade do impeachment na Câmara dos Deputados em 17 de abril de 2016 e na votação do Senado. Um “muro” que passa a ser visto não como uma aberração, mas parte da paisagem conflagrada.
As manifestações conservadoras nas ruas tiveram comandos midiáticos ativos que criaram um ambiente não simplesmente para legitimar o impeachment, mas para ações de perseguição aos movimentos sociais: pedidos de prisão pelo PSDB e DEM contra Guilherme Boulos, liderança do MTST, assassinato de lideranças do MST e de indígenas, demonização dos “vermelhos” e emergência de um discurso fascista, com porta-vozes no parlamento, na mídia e entre o empresariado.
A demonização do “outro” foi materializada no muro metálico que dividiu a Esplanada dos Ministérios em duas, delimitando territórios em uma guerra de torcidas que respondia a um comando de cenarização. Um “politicódromo” para transmissão ao vivo pela TV. O cenário foi montado para um espetáculo de rua, de comoção e midiatização de um processo político tendo como combustível um discurso simplificado e seletivo em torno da corrupção.
Em um momento de crise econômica e insatisfações difusas, a demonização do outro encontrou eco em uma classe média conservadora, que desde 2014 assumiu e ressignificou como forma de distinção o discurso do racismo, do preconceito contra minorias, a defesa de privilégios de classe e grupos, tudo isso travestido em combate à corrupção e ao petismo.
O efeito-mídia também co-produziu um exército dos trolls nas redes, a polarização exacerbada entre direita e esquerda.
O mesmo processo midiático que demonizou Lula e Dilma, poupou figuras como Eduardo Cunha, Aécio Neves e o próprio Michel Temer. Onde estão as manchetes, os editoriais, a indignação, as brigadas anticorrupção a cada revelação da Lava-Jato envolvendo o campo conservador?
O efeito-mídia também co-produziu um exército dos trolls nas redes, a polarização exacerbada entre direita e esquerda, discursos de ódio, uma direita ostentação que saiu do armário encorajada pela demonização e produziu sua própria mídia: Revoltados On Line, TV Revolta, as páginas do Movimento Brasil Livre (MBL), entre outras se tornaram a caricatura da grande mídia, um espelho amplificado que refletiu a nova cara da direita e que tomou para si as formas de ação, protestos, estratégias de linguagem, memética, que foram durante décadas a marca das esquerdas.
O golpe produziu essa nova ecologia das mídias, uma guerrilha memética e novas narrativas. Centenas de novas iniciativas de mídia livre em todo o Brasil que estão disputando as redes, as ruas desde as manifestações de 2013. De forma ativa e inédita, a ponto de não mais se distinguirem da própria força das ruas, vimos emergir uma mídia orgânica, quente, afetiva, posicionada, como a Mídia Ninja, Jornalistas Livres, Revista Fórum, blogueiros, YouTubers, artistas ativistas como Gregório Duvivier, entre muitos outros, que expressam uma indissociabilidade entre mídia e ativismo, afetos, produzindo uma mudança de linguagem, em contraste com o ambiente “profissional” e “objetivo”, “asséptico”, das grandes corporações de mídia.
Desde 2013, os midiativistas decifraram o componente afetivo, intempestivo das redes, com as emissões ao vivo, streamings, a viralização de memes, fotografias, posts, textos, cartazes, produzidos pelos próprios manifestantes e midiativistas.
Operações de embate, disputa narrativa, processos de subjetivação, que inscrevem o corpo e deixam os rastros de centenas de cinegrafistas ativistas, fotógrafos “amadores” nas imagens e nas narrativas, que se tornam também “histórias de vida”.
Esse processo resultou em um fluxo, uma onda, um enxame, uma mídia-multidão que foi decisiva para a construção de uma narrativa vitoriosa de que o processo de impeachment foi na realidade um golpe parlamentar.
A destituição política de Dilma e a interrupção do ciclo de democratização do Brasil precisou de um operador jurídico-administrativo, um “crime de responsabilidade”, um crime de “gestão” sem dolo que serviu de alibi para tirar seu grupo do poder, mas a narrativa do golpe também se tornou vitoriosa com o #NãoVaiTerGolpe e o #ForaTemer e se espalhou pela mídia internacional.
Os pobres, as minorias, o cidadão comum, todos os que dependem de infraestrutura instalada, da proteção dos direitos, de um Estado que assegura o mínimo: moradia, saúde, educação, cultura, previdência.
Fato é que o golpe jurídico-midiático tornou supérfluo, como força simbólica, o governo de Michel Temer. Precisam dele apenas como um operador do desmonte de um programa e a instauração de um outro ciclo conservador e autoritário no Brasil, que começa com uma mancha de origem: a deposição de uma Presidenta da República em um processo kafkiano e sem crime. É que, depois que cenarizaram o apocalipse, as elites precisam apenas de um presidente servil e invisível para voltar à “normalidade”.
Estamos vivendo simultaneamente o fim de um ciclo, mas também a emergência de um novo ciclo de lutas e combates.
Estamos vivendo simultaneamente o fim de um ciclo, mas também a emergência de um novo ciclo de lutas e combates, em que teremos que voltar a defender os direitos mais básicos que pensávamos conquistados, “esse golpe é machista, racista, misógino, homofóbico contra todas as minorias e contra os brasileiros e brasileiras”, como acusou Dilma Rousseff no seu discurso de despedida, mas também nos libera, com a instauração de um tempo de exceção, para a desobediência civil, a experimentação e a imaginação política.
A política foi sequestrada por uma casta. O ódio da política vem da sua separação das ruas, dos modos de ser e do cotidiano. Um dos mais incríveis efeitos colaterais dessa crise é ter colocado a política, o político na praça pública. O ciclo das manifestações de 2013 e o processo do impeachment recolocaram a política no rés do chão, o contragolpe tendo formado uma Frente da Diversidade, ampla, geral e irrestrita e produzido uma guerrilha semiótica e uma memética, uma diversidade de mídias e linguagens ingovernáveis.
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Ivana,
Muito bom o artigo.
Tenho uma dúvida/crítica a ele, no entanto. Para mim, é muito claro que o golpe foi feito para defender privilégios de classe, uma vez que, muitas pessoas da classe média no Brasil acham que são elite e acreditam que se a vida melhorar para as elas, melhorará para as elites também(Muitos chamam beneficiários de bolsa família de “vagabundos” e reclamam do alto custo de se ter uma empregada doméstica).
Eu não consigo enxergar a ressignificação do racismo e de preconceitos. Na minha concepção, isso sempre existiu e faz parte de uma tradição asquerosa que deve ser combatida, só que a um tempo atrás, as pessoas tinham vergonha de externalizar essas opiniões. A meu ver, o que aconteceu é que algumas pessoas externaram isso em redes sociais e, estranhamente, perceberam que, apesar das críticas, muitas pessoas pensavam igual a elas e isso foi um dos fatores que deu combustível a esse discurso que, a meu ver, já existia.
Atenciosamente,
Diego.
Parabéns pelo artigo, Ivana Bentes!
José Roberto de Toledo, em sua entrevista para o filme “O mercado de notícias”, também chamou a atenção para o uso do gênero novela na “cobertura” de um dos mensalões, apenas um…
Um capítulo por dia, o bem e o mal, com o bem vencendo no final…
Dois filmes sobre o que vivemos atualmente, feitos muito antes…
“O invasor” de Beto Brant e “Blablabla” de Andrea Tonacci…
“O invasor” coloca por terra o gênero novela/melodrama…
Ambos estão no YouTube…
No YouTube, organizo uma lista de filmes sob o título “Ordem e Progresso”…
Na apresentação dessa lista, há links para um acompanhamento que faço na mídia, com matérias a respeito do golpe e das questões envolvendo “ideologia de gênero” e Escola Sem Partido…
Aqui o link para acessar meu trabalho no YouTube, uma pequena contribuição para a resistência…
https://www.youtube.com/playlist?list=PLb-f5dAjBAFY3MIPKtdhwtMlGl-x6yfiL
Ivana,
Obrigada, obrigada, obrigada! Texto lúcido, bem escrito e tão absolutamente necessário. Pelo menos durante o momento da leitura, voltei a acreditar que ainda vale a pena ser jornalista. Saudações!
Descordo totalmente, da mesma forma que você tem a sua opinião, eu tenho a minha. Pra mim, o problema desse governo, assim como do lula, foi os anos de atraso que geraram para o pais. Quando surfávamos na onda das comodites, deveríamos ter investido maciçamente em educação. Porém o que nossos 2 grandes presidentes petistas fizeram? Assistencialismo e Corrupção … Ambos como forma de se manter no poder. Felizmente nem toda população tem essa visão míope como parece ser a sua, fizeram pressão, seja ela por demissões, seja ela por ir aos protestos na rua, seja ela cutucando seus candidatos, deputados, senadores, seja ela da forma que foi. Importante é que esse mal foi eliminado e quem sabe, ( pois o atraso que o PT gerou foi muito grande ), possamos nos reerguer e retomar um crescimento, que esse sim, pode nos gerar melhor educação e médio prazo e quem sabe a longo prazo diminuir efetivamente a pobreza, não através de assistencialismo, mas sim através de emprego, de trabalho. Iremos levar anos pra nos recuperar, os livros de história em algum momento retratarão o periodo atual como um grande retrocesso não no quesito juridico, legal, eleitoral, democrático, mas sim no quesito financeiro. Nas oportunidades perdidas por tantos anos de um pais mau governado.
Você não poderia estar mais equivocado. O Brasil, durante os mandatos de Lula e o primeiro de Dilma, cresceu como nunca na história. Nos tornamos uma das maiores economias do mundo, descobrimos a maior riqueza natural que será entregue aos gringos como prometido pelo Serra, deixamos de matar nossas crianças de fome e muitas outras coisas mais.
A corrupção não foi inventada pelo PT e você deveria saber disso, portanto não seja ingênuo ou maldoso. O partido cometeu diversos erros, mas você só citou a questão da educação. Quando o foco do discurso é a corrupção, o discurso torna-se raso, absolutamente vazio de sentido, e principalmente, seletivo, afinal o PT não é, nem de longe, o partido mais corrupto.
Melhore os argumentos e talvez sua crítica seja válida, mas jamais justificará um impeachment, pois nem os advogados do PSDB, muito menos os deputados e senadores o conseguiram.
um abraço!
Lula e Dilma viabilizaram muitas ações políticas e sociais que proporcionaram uma grande mudança no Brasil. Mas uma de enorme importante deixaram de fazer: revogar, encampar a concessão pública outorgada à rede Globo e outras emissoras que promovem o retrocesso cultural alienando o povo brasileiro . Que a (o) próxima (o) presidente eleita (o) pelo povo, a favor do interesse público, traga e cumpra a promessa de renovar a mídia brasileira!
Tem sido amplamente documentado na história o controle repugnante e a manipulação indecente da opinião pública pela Rede Globo no Brasil. O monopólio dos meios de comunicação pela Globo no país deve ser terminado por um ato oficial em favor da concorrência por outras companias de comunicação com o objetivo de promover diversidade de opiniões. A aniquilação do controle subversivo da Rede Globo no país é absolutamente necessária para a sobrevivência da democracia no Brasil.
A corrupção vem de todos os lugares, mas as pessoas insistem em colocar a culpa naquilo que não as beneficiam. Se esse governo não me beneficiou então é corrupto, se esse partido não tem meus ideais então é corrupto. Cansada de ver pessoas falando da corrupção. Conheço pessoas que no facebook são as pessoas mais anti-corrupção que vc já viu mas se conhecer de verdade vai ver que essa mesma pessoa sonega imposto. Tem corrupção em todos os lugares, mas só aquela que não beneficia as pessoas é a aquela que os mesmas são contra
Um dos melhores textos que já li nestes tempos sombrios. Excelente análise da condução do golpe. Parabéns pela análise sensata num tempo de tanta insensatez.
Parabéns pelo texto e sua profundidade na questão midiática do Impeachment.
Háaoo de se ter visto a corrupção deslavada do partido da presidente , a falta de profissionalismo de quadros de chefia por ela colocados ( a maioria petistas) o populismo a todo custo ( obrigando as empresas fornecedoras de energia a abaixar seus preços ) obrigando a Petrobras a fornecer petróleo mais barato do que comprava , o favorecimento a Cuba e os afagos a Maduro, e muito mais que nós brasileiros acompanhamos . E muito mais ainda .
Há um claro conchavo entre o PSDB de SP e a mídia para desestabilizarem o pais. Os motivos reais só o tempo mostrará.
Sensacional matéria, parabéns pela lucidez de quem acompanha os fatos e não as manchetes.
Excelente narrativa do que aconteceu e ocorre em nosso País. Nossa nação nunca terá uma democracia forte com essa grande mídia manipuladora concentrada em seus famílias e que fala em uníssono, privando o contraponto. Ainda bem que a internet veio quebrar um pouco isso.
Esta matéria desnuda de uma vez por todas, quem foi o principal articulador do golpe nas terras brasileiras.
Resumindo: Arquitetado nos EUA, conduzido pela mídia, instrumentalizado pelos órgãos de justiça e executado por políticos corruptos.
O povo? Massa de manobra!
Matéria precisa e que revela o que quem é jornalista (e quem não se deixa manipular) sabe e detecta: a essência da manipulação diária ano após ano que transformou as pessoas em robôs e sem medir a amplitude do que foi armado de forma inquestionável no submundo das finanças, da política e do judiciário caipira como forma de manter o poder nas mãos da casa grande.
Bravo, Ivana! Análise brilhante!
Gente q escreve ‘presidentA’ destrói o próprio argumento. Democracia não é carta branca para fazer uma hegemonia criminosa dos três poderes.
O Temer foi escolhido pelo PT, também recebeu os 54 milhões de votos e fez parte do esquema por quase uma década.
O Lula e Dilma também roubaram as eleições da Marina Silva negando um partido e com mentiras do João Santana.
A Dilma merece toda essa ‘injustiça do golpe’ porque cavou a própria cova, desde quando era presidentA da Petrobras.
Temer recebeu 54 milhões de votos? Duvido que voce votou no vice do Aécio. Voce nem lembra mais quem era, talvez. Não se vota em candidato, se vota em programa de governo. Até
Os dois termos estão corretos, presidente ou presidenta é só questão de escolha.
http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/presidente-ou-presidenta-qual-o-certo
https://dicionarioegramatica.com.br/2016/05/02/presidenta-e-mais-antigo-e-tradicional-em-portugues-do-que-a-presidente/comment-page-1/
Enfim, ainda h’a que pense neste Pais!!!
Excelente análise.
Uau! Que análise incrível Ivana, uma ótima e completa síntese do cenário político-midiatico atual. Fico muito contente em saber que a era digital permite as diversas mídias escancararem o golpe e enfraquecerem a legitimidade das oligarquias. As mudanças virão através destes canais, à medida em que mais pessoas travam contato com novas fontes de informação e outros pontos de vista.
Obs: o trecho em que cita uma matéria sobre o ensino superior: “Crise força o fim injusto do ensino superior gratuito” está com algumas palavras trocadas (do jeito que está escrito, nunca seria publicado para validar o golpe). A matéria oficial, infelizmente está escrita assim: “Crise força o fim do injusto ensino superior gratuito” (agora sim respaldando o golpista)
Um beijo.
Boa reportagem-análise. Mas Ivana Bentes mostra certo deslumbramento com as chamadas ‘jornadas de junho de 2013′; ao contrário do que ela e muitos outros jornalistas e estudiosos ainda teimam em acreditar, aquelas manifestações foram as sementes do golpe que vingaram, porque lançadas em terreno fértil. Jessé Souza, em livro recém-lançado, intitulado “A radiografia do golpe” demonstra isso de forma didática e instigante.
Senti falta de maior enquadramento das instituições burocráticas do Estado (PF, MP e PJ) que cooptadas pelo alto comando internacional do golpe, que fica nos EUA, e aliadas e alinhadas com as oligarquias plutocráticas políticas e empresariais (com destaque para os grupos e mídia – o PIG/PPV) puderam aplicar esse golpe midiático-policial-judicial-parlamentar. Ou seja, qualquer reducionismo que exclua uma das quatro instituições (grande mídia comercial brasileira ou PIG/PPV, polícia federal, ministério público e poder judiciário – com destaque para sérgio moro e o próprio STF) ou que não admita a existência mais do que evidente de um alto comando internacional resulta numa análise incompleta ou mesmo infantilizada dos acontecimentos que ensejaram esse golpe de Estado contra a Esquerda e contra Democracia Brasileiras.
Como falar do golpe sem mencionar as espionagens da NSA, contra a Petrobrás, Eletrobrás e outras grandes empresas estatais brasileiras e mesmo contra o governo federal, dependências e gabinetes da presidência da república? Como não mencionar na análise do golpe a colaboração e compromissos de José Serra com a Chevron e a atuação de Michel Temer com o informante do consulado e embaixada dos EUA? Onde foi treinado e doutrinado sérgio moro e quem forneceu a ele as informações sobre os esquemas de corrupção na Petrobrás? E a viagem dos procuradores do MPF aos EUA, levando informações para que a maior empresa brasileira sofresse processos e penalidade bilionárias nesse país? E os interesses no Pré-Sal, cuja descoberta foi anunciada em 2010, ano em que foi estabelecida a Lei da Partilha, cujo compromisso de José Serra – admitido em encontro com executiva da Chevron – sempre foi o de revogar em favor dos interesses das petrolíferas estadunidenses? Sobre o que versa o PLS-131/2015, de autoria do senador José Serra, já aprovado no senado e prestes a ser aprovado na Câmara? Quando vieram dos EUA, os procuradores do MPF, a PF e o juiz sérgio moro miraram a Eletronuclear eo cientista Othon Luiz Pinheiro da Silva, coordenador do Programa Nuclear Brasileiro, que foi preso; Othon foi condenado a uma absurda e inexplicável pena de 43 ANOS de prisão, como se tivesse cometido assassinatos em série, crimes de guerra ou contra a humanidade. (…)
Enfim: um jornalista, analista, cientista ou estudioso que queira fazer um relato honesto e com a abrangência necessária à compreensão do golpe de Estado cujo desfecho se deu nesse dia 31 de agosto de 2016 precisa analisar todos esses aspectos e fatos que mencionei. Mais ainda: precisa revisitar o que foi a primeira tentativa de golpe para derrubar Lula, o PT e a Esquerda, criminalizando e encarcerando as principais lideranças progressistas, que foi a farsa do chamado “mensalão do PT”, iniciada em 2005 e concluída em 2012, no período em que ocorriam as eleições municipais.
“Mais ainda: precisa revisitar o que foi a primeira tentativa de golpe para derrubar Lula, o PT e a Esquerda, criminalizando e encarcerando as principais lideranças progressistas, que foi a farsa do chamado “mensalão do PT”, iniciada em 2005 e concluída em 2012, no período em que ocorriam as eleições municipais.”
Nobre colega,
respeitosamente, concordo em parte com seus argumentos. Nada obstante, tentar conceituar o mensalão como “farsa” é criticável. O fato de um partido político ser bom não o isenta da imputabilidade penal. Os autos do mensalão estão disponíveis nos sites do STF. Por gentileza, sugiro que tire um tempo para ler os autos – ênfase nas provas produzidas – e tire suas próprias conclusões.
Um bom dia à todos, que o debate nunca acabe.
Caro Marcos Braga,
Eu li boa parte desses autos e do acórdão; mas li também as peças de defesa. Minha opinião não é apenas de um militante ultra-parcial, que defende um partido, façam os integrantes dele o que fizerem. Afirmo, taxativamente, muito mais com certeza do que por simples convicção, de que o chamado “mensalão do PT” foi uma farsa. Há milhões de brasileiros que chegaram a essa mesma conclusão. E quando digo que todo o processo e julgamento da AP-470 foi uma farsa não afirmo que não tenha havido cometimento de crimes, mas os crimes não foram aqueles declarados pelos julgadores e usados para aplicar penas injustas e seletivas apenas aos petistas. (Nota: uma pena exagerada é, também, uma pena injusta.)
Sou de MG e sei dos esquemas em FURNAS, como os revelados naquela lista, com o nome de 156 políticos, a maioria do PSDB. O esquema de caixa 2 sempre ocorreu; mas enquanto os beneficiários eram o PSDB e outros partidos de centro-direita e direita, as investigações, processos e julgamentos nunca resultaram em condenação dos políticos que dele se utilizaram. Paulo Maluf é, há quase 50 anos, um dos políticos mais corruptos do Brasil e nunca foi condenado à prisão no Brasil. O esquema de corrupção, superfaturamento, pagamento de propina, talvez financiamento ilegal de campanhas, no sistema metro-ferroviário paulista, envolve bilhões de reais. A Justiça da Suíça já mostrou isso, remetendo os documentos e provas, ao Brasil. Mas o MPE-SP senta em cima, troca de gaveta, engaveta, arquiva tudo, até a prescrição dos crimes, sem que nenhum político tucano seja punido. Aécio Cunha é um dos políticos mais citados na Farsa a Jato; há provas abundantes de envolvimento dele e de aliados dele em milionários escândalos de corrupção, mas nada aconteceu nem acontecerá com ele, já que foi e continua a ser é blindado pelo MPE-MG, pelo MPF, pelas polícias e pelo judiciário, tanto em MG, como em Brasília. Ou você tem alguma dúvida de que Janot, assim como GM, protege
Aécio? Eduardo Cunha – talvez o político mais corrupto e canalha da atual política brasileira – contra quem há pelo menos três denúncias no STF (Acho que mais, corrija-me se estiver errado!), o mais nefasto presidente da Câmara Federal em toda a História, um chantagista, ameaçador, ladrão de 4 costados, está sendo preservado/blindado/protegido pelo PJ brasileiro e sequer perdeu o mandato de deputado federal; isso, mesmo havendo provas robustas e fartas de que ele cometeu os crimes de que é acusado. Como se isso não bastasse, EC recebeu carta branca do STF, para admitir o pedido de ‘golpeachment’ na Câmara, conduziu aquele dantesco espetáculo do dia 17 de abril e só foi afastado da atividade parlamentar e da presidência da casa legislativa, depois de entregar a fatura do golpe paga e carimbada. Em plano articulado com os ministros do STF, EC renunciou à presidência da Câmara, para ser julgado pela 2ª turma da ‘suprema côrte constitucional brasileira’ e não pelo plenário dela; fez isso de forma cuidadosamente calculada, pois nessa turma ele conta com dois votos certos pela absolvição, que são o Gilmar Mendes e o de Dias Toffoli, além de um muto provável, o de Celso de Mello. Com o fim do mandato de Ricardo Lewandowski na presidência do STF, haverá um rearranjo na composição da 2ª turma; Cármen Lúcia, que a integra(va), ao assumir a presidência da côrte dá lugar a Luiz Fux. Se o voto de Cármen era pela provável condenação de EC, o de Fux é muito mais provável ainda pela absolvição do deputado. Celso de Mello, que anunciou poder pedir aposentadoria em breve, é um que poderia votar pela absolvição de EC (golpista que já mostrou ser) e que pode usar essa saída pela tangente, para tentar preservar a biografia dessa imunda mácula; mas se lembrarmos o que o jurista Saulo Ramos disse sobre CM (“Sim eu sei que você é um juiz de merda”, citado o episódio dessa fala, em livro escrito pelo jurista), podemos esperar qualquer coisa de Celso de Mello, desde um voto destruidor contra EC, um covarde pedido de aposentadoria ou um voto cheio de firulas e citações jurídicas, absolvendo Eduardo Cunha. Nos grampos feitos por Sérgio Machado e MPF, publicados nos veículos de mídia, Romero Jucá sentenciou: “Temer é Cunha”, mostrando claramente que o 2º é apenas um joguete do 1º, que é quem governa o País desde o dia 12 de maio de 2016. Mesmo depois de afastado da presidência da Câmara e do exercício do mandato de deputado federal, EC mandou recados e fez chantagens ameaçadoras contra Michel Temer, então presidente interino; Michel Temer teve encontros clandestinos, fora da agenda oficial do então presidente interino. Rodrigo Maia, eleito presidente da Câmara dos Deputados após a renúncia de EC, já articula manobras para que esse último não tenha o mandato cassado. Em Resumo: EC, personagem principal desse golpe midiático-policial-judicial-parlamentar, não só não terá o mandato cassado, como será absolvido pelo STF. Como cereja do bolo, observe o tratamento dado a Cláudia Cruz e Danielle Cunha, esposa e filha de EC, e compare com aquele dado à esposa e cunhada de João Vacari Netto ou à esposa e filhos do ex-presidente Lula.
No Livro “A privataria tucana” há fartas provas de que José Serra e família se envolveram em esquemas de corrupção e desvio de recursos públicos para fins privados. No livro “O príncipe da privataria” Palmério Dória identifica o “Senhor X”, aquele que entregou as fitas gravadas comprovando a compra de votos para aprovação da EC que concedeu a FHC o direito de concorrer a um segundo mandato.
Portanto não é uma paixão político-partidária que me faz formar juízos de valor parciais e apaixonados, mas o acompanhamento e análise crítica dos fatos.
A rede globo tem que acabar!!!
O PMDB tem que acabar!!!
A PM tem que acabar!!!
Excelente análise, triste constatação.
Golpe foi para preservar gente de confiança de Wall Street nos postos-chave da economia brasileira, disse economista canadense:
http://www.vermelho.org.br/noticia/285993-1
Texto primoroso, conseguiu sintetizar as varias nuances desse golpe!
Ivana, parabéns pela sua análise profunda e consistente desse tempo difícil do nosso Brasil.