Para Alejandro Chafuen, a reunião desta primavera no Brick Hotel, em Buenos Aires, foi tanto uma volta para casa quanto uma volta olímpica. Chafuen, um esguio argentino-americano, passou a vida adulta se dedicando a combater os movimentos sociais e governos de esquerda das Américas do Sul e Central, substituindo-os por uma versão pró-empresariado do libertarianismo.
Ele lutou sozinho durante décadas, mas isso está mudando. Chafuen estava rodeado de amigos no Latin America Liberty Forum 2017. Essa reunião internacional de ativistas libertários foi patrocinada pela Atlas Economic Research Foundation, uma organização sem fins lucrativos conhecida como Atlas Network (Rede Atlas), que Chafuen dirige desde 1991. No Brick Hotel, ele festejou as vitórias recentes; seus anos de trabalho estavam começando a render frutos – graças às circunstâncias políticas e econômicas e à rede de ativistas que Chafuen se esforçou tanto para criar.
Nos últimos 10 anos, os governos de esquerda usaram “dinheiro para comprar votos, para redistribuir”, diz Chaufen, confortavelmente sentado no saguão do hotel. Mas a recente queda do preço das commodities, aliada a escândalos de corrupção, proporcionou uma oportunidade de ação para os grupos da Atlas Network. “Surgiu uma abertura – uma crise – e uma demanda por mudanças, e nós tínhamos pessoas treinadas para pressionar por certas políticas”, observa Chafuen, parafraseando o falecido Milton Friedman. “No nosso caso, preferimos soluções privadas aos problemas públicos”, acrescenta.
Chafuen cita diversos líderes ligados à Atlas que conseguiram ganhar notoriedade: ministros do governo conservador argentino, senadores bolivianos e líderes do Movimento Brasil Livre (MBL), que ajudaram a derrubar a presidente Dilma Rousseff – um exemplo vivo dos frutos do trabalho da rede Atlas, que Chafuen testemunhou em primeira mão.
“Estive nas manifestações no Brasil e pensei: ‘Nossa, aquele cara tinha uns 17 anos quando o conheci, e agora está ali no trio elétrico liderando o protesto. Incrível!’”, diz, empolgado. É a mesma animação de membros da Atlas quando o encontram em Buenos Aires; a tietagem é constante no saguão do hotel. Para muitos deles, Chafuen é uma mistura de mentor, patrocinador fiscal e verdadeiro símbolo da luta por um novo paradigma político em seus países.
Essa alteração pode parecer apenas parte de um reequilíbrio regional causado pela conjuntura econômica, porém a Atlas Network parece estar sempre presente, tentando influenciar o curso das mudanças políticas.
A história da Atlas Network e seu profundo impacto na ideologia e no poder político nunca foi contada na íntegra. Mas os registros de suas atividades em três continentes, bem como as entrevistas com líderes libertários na América Latina, revelam o alcance de sua influência. A rede libertária, que conseguiu alterar o poder político em diversos países, também é uma extensão tácita da política externa dos EUA – os think tanks associados à Atlas são discretamente financiados pelo Departamento de Estado e o National Endowment for Democracy (Fundação Nacional para a Democracia – NED), braço crucial do soft power norte-americano.
A rede é extensa, contando atualmente com parcerias com 450 think tanks em todo o mundo. A Atlas afirma ter gasto mais de US$ 5 milhões com seus parceiros apenas em 2016.
Ao longo dos anos, a Atlas e suas fundações caritativas associadas realizaram centenas de doações para think tanks conservadores e defensores do livre mercado na América Latina, inclusive a rede que apoiou o Movimento Brasil Livre (MBL) e organizações que participaram da ofensiva libertária na Argentina, como a Fundação Pensar, um think tank da Atlas que se incorporou ao partido criado por Mauricio Macri, um homem de negócios e atual presidente do país. Os líderes do MBL e o fundador da Fundação Eléutera – um think tank neoliberal extremamente influente no cenário pós-golpe hondurenho – receberam financiamento da Atlas e fazem parte da nova geração de atores políticos que já passaram pelos seus seminários de treinamento.
A Atlas Network conta com dezenas de think tanks na América Latina, inclusive grupos extremamente ativos no apoio às forças de oposição na Venezuela e ao candidato de centro-direita às eleições presidenciais chilenas, Sebastián Piñera.
Em nenhum outro lugar a estratégia da Atlas foi tão bem sintetizada quanto na recém-formada rede brasileira de think tanks de defesa do livre mercado. Os novos institutos trabalham juntos para fomentar o descontentamento com as políticas socialistas; alguns criam centros acadêmicos enquanto outros treinam ativistas e travam uma guerra constante contra as ideias de esquerda na mídia brasileira.
O esforço para direcionar a raiva da população contra a esquerda rendeu frutos para a direita brasileira no ano passado. Os jovens ativistas do MBL – muitos deles treinados em organização política nos EUA – lideraram um movimento de massa para canalizar a o descontentamento popular com um grande escândalo de corrupção para desestabilizar Dilma Rousseff, uma presidente de centro-esquerda. O escândalo, investigado por uma operação batizada de Lava-Jato, continua tendo desdobramentos, envolvendo líderes de todos os grandes partidos políticos brasileiros, inclusive à direita e centro-direita. Mas o MBL soube usar muito bem as redes sociais para direcionar a maior parte da revolta contra Dilma, exigindo o seu afastamento e o fim das políticas de bem-estar social implementadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
A revolta – que foi comparada ao movimento Tea Party devido ao apoio tácito dos conglomerados industriais locais e a uma nova rede de atores midiáticos de extrema-direita e tendências conspiratórias – conseguiu interromper 13 anos de dominação do PT ao afastar Dilma do cargo por meio de um impeachment em 2016.
O cenário político do qual surgiu o MBL é uma novidade no Brasil. Havia no máximo três think tanks libertários em atividade no país dez anos atrás, segundo Hélio Beltrão, um ex-executivo de um fundo de investimentos de alto risco que agora dirige o Instituto Mises, uma organização sem fins lucrativos que recebeu o nome do filósofo libertário Ludwig von Mises. Ele diz que, com o apoio da Atlas, agora existem cerca de 30 institutos agindo e colaborando entre si no Brasil, como o Estudantes pela Liberdade e o MBL.
“É como um time de futebol; a defesa é a academia, e os políticos são os atacantes. E já marcamos alguns gols”, diz Beltrão, referindo-se ao impeachment de Dilma. O meio de campo seria “o pessoal da cultura”, aqueles que formam a opinião pública.
Beltrão explica que a rede de think tanks está pressionando pela privatização dos Correios, que ele descreve como “uma fruta pronta para ser colhida” e que pode conduzir a uma onda de reformas mais abrangentes em favor do livre mercado. Muitos partidos conservadores brasileiros acolheram os ativistas libertários quando estes demonstraram que eram capazes de mobilizar centenas de milhares de pessoas nos protestos contra Dilma, mas ainda não adotaram as teorias da “economia do lado da oferta”.
Os organizadores das manifestações anti-Dilma produziram uma torrente diária de vídeos no YouTube para ridicularizar o governo do PT e criaram um placar interativo para incentivar os cidadãos a pressionarem seus deputados por votos de apoio ao impeachment.
Schüler notou que, embora o MBL e seu próprio think tank fossem apoiados por associações industriais locais, o sucesso do movimento se devia parcialmente à sua não identificação com partidos políticos tradicionais, em sua maioria vistos com maus olhos pela população. Ele argumenta que a única forma de reformar radicalmente a sociedade e reverter o apoio popular ao Estado de bem-estar social é travar uma guerra cultural permanente para confrontar os intelectuais e a mídia de esquerda.
A “breitbartização” do discurso é apenas uma das muitas formas sutis pelas quais a Atlas Network tem influenciado o debate político.
“Temos um Estado muito paternalista. É incrível. Há muito controle estatal, e mudar isso é um desafio de longo prazo”, diz Schüler, acresentando que, apesar das vitórias recentes, os libertários ainda têm um longo caminho pela frente no Brasil. Ele gostaria de copiar o modelo de Margaret Thatcher, que se apoiava em uma rede de think tanks libertários para implementar reformas impopulares. “O sistema previdenciário é absurdo, e eu privatizaria toda a educação”, diz Schüler, pondo-se a recitar toda a litania de mudanças que faria na sociedade, do corte do financiamento a sindicatos ao fim do voto obrigatório.
Mas a única maneira de tornar tudo isso possível, segundo ele, seria a formação de uma rede politicamente engajada de organizações sem fins lucrativos para defender os objetivos libertários. Para Schüler, o modelo atual – uma constelação de think tanks em Washington sustentada por vultosas doações – seria o único caminho para o Brasil.
E é exatamente isso que a Atlas tem se esforçado para fazer. Ela oferece subvenções a novos think tanks e cursos sobre gestão política e relações públicas, patrocina eventos de networking no mundo todo e, nos últimos anos, tem estimulado libertários a tentar influenciar a opinião pública por meio das redes sociais e vídeos online.
Uma competição anual incentiva os membros da Atlas a produzir vídeos que viralizem no YouTube promovendo o laissez-faire e ridicularizando os defensores do Estado de bem-estar social. James O’Keefe, provocador famoso por alfinetar o Partido Democrata americano com vídeos gravados em segredo, foi convidado pela Atlas para ensinar seus métodos. No estado americano do Wisconsin, um grupo de produtores que publicava vídeos na internet para denegrir protestos de professores contra o ataque do governador Scott Walker aos sindicatos do setor público também compartilharam sua experiência nos cursos da Atlas.
Em 1998, a CEDICE Libertad – principal organização afiliada à Atlas em Caracas, capital da Venezuela – já recebia apoio financeiro do Center for International Private Enterprise (Centro para a Empresa Privada Internacional – CIPE). Em uma carta de financiamento do NED, os recursos são descritos como uma ajuda para “a mudança de governo”. O diretor da CEDICE foi um dos signatários do controverso “Decreto Carmona” em apoio ao malsucedido golpe militar contra Chávez em 2002.
Um telegrama de 2006 descrevia a estratégia do embaixador americano, William Brownfield, de financiar organizações politicamente engajadas na Venezuela: “1) Fortalecer instituições democráticas; 2) penetrar na base política de Chávez; 3) dividir o chavismo; 4) proteger negócios vitais para os EUA, e 5) isolar Chávez internacionalmente.”
Na atual crise venezuelana, a CEDICE tem promovido a recente avalanche de protestos contra o presidente Nicolás Maduro, o acossado sucessor de Chávez. A CEDICE está intimamente ligada à figura da oposicionista María Corina Machado, uma das líderes das manifestações em massa contra o governo dos últimos meses. Machado já agradeceu publicamente à Atlas pelo seu trabalho. Em um vídeo enviado ao grupo em 2014, ela diz: “Obrigada à Atlas Network e a todos os que lutam pela liberdade.”
Em 2014, a líder opositora María Corina Machado agradeceu à Atlas pelo seu trabalho: “Obrigada à Atlas Network e a todos os que lutam pela liberdade.”
No Latin America Liberty Forum, organizado pela Atlas Network em Buenos Aires, jovens líderes compartilham ideias sobre como derrotar o socialismo em todos os lugares, dos debates em campi universitários a mobilizações nacionais a favor de um impeachment.
Em uma das atividades do fórum, “empreendedores” políticos de Peru, República Dominicana e Honduras competem em um formato parecido com o programa Shark Tank, um reality show americano em que novas empresas tentam conquistar ricos e impiedosos investidores. Mas, em vez de buscar financiamento junto a um painel de capitalistas de risco, esses diretores de think tanks tentam vender suas ideias de marketing político para conquistar um prêmio de US$ 5 mil. Em outro encontro, debatem-se estratégias para atrair o apoio do setor industrial às reformas econômicas. Em outra sala, ativistas políticos discutem possíveis argumentos que os “amantes da liberdade” podem usar para combater o crescimento do populismo e “canalizar o sentimento de injustiça de muitos” para atingir os objetivos do livre mercado.
Um jovem líder da Cadal, um think tank de Buenos Aires, deu a ideia de classificar as províncias argentinas de acordo com o que chamou de “índice de liberdade econômica” – levando em conta a carga tributária e regulatória como critérios principais –, o que segundo ela geraria um estímulo para a pressão popular por reformas de livre mercado. Tal ideia é claramente baseada em estratégias similares aplicadas nos EUA, como o Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation, que classifica os países de acordo com critérios como política tributária e barreiras regulatórias aos negócios.
Os think tanks são tradicionalmente vistos como institutos independentes que tentam desenvolver soluções não convencionais. Mas o modelo da Atlas se preocupa menos com a formulação de novas soluções e mais com o estabelecimento de organizações políticas disfarçadas de instituições acadêmicas, em um esforço para conquistar a adesão do público.
As ideias de livre mercado – redução de impostos sobre os mais ricos; enxugamento do setor público e privatizações; liberalização das regras de comércio e restrições aos sindicatos – sempre tiveram um problema de popularidade. Os defensores dessa corrente de pensamento perceberam que o eleitorado costuma ver essas ideias como uma maneira de favorecer as camadas mais ricas. E reposicionar o libertarianismo econômico como uma ideologia de interesse público exige complexas estratégias de persuasão em massa.
Mas o modelo da Atlas, que está se espalhando rapidamente pela América Latina, baseia-se em um método aperfeiçoado durante décadas de embates nos EUA e no Reino Unido, onde os libertários se esforçaram para conter o avanço do Estado de bem-estar social do pós-guerra.
Antony Fisher, empreendedor britânico e fundador da Atlas Network, é um pioneiro na venda do libertarianismo econômico à opinião pública. A estratégia era simples: nas palavras de um colega de Fisher, a missão era “encher o mundo de think tanks que defendam o livre mercado”.
A base das ideias de Fisher vêm de Friedrich Hayek, um dos pais da defesa do Estado mínimo. Em 1946, depois de ler um resumo do livro seminal de Hayek, O Caminho da Servidão, Fisher quis se encontrar com o economista austríaco em Londres. Segundo seu colega John Blundell, Fisher sugeriu que Hayek entrasse para a política. Mas Hayek se recusou, dizendo que uma abordagem de baixo para cima tinha mais chances de alterar a opinião pública e reformar a sociedade.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, outro ideólogo do livre mercado, Leonard Read, chegava a conclusões parecidas depois de ter dirigido a Câmara de Comércio de Los Angeles, onde batera de frente com o sindicalismo. Para deter o crescimento do Estado de bem-estar social, seria necessária uma ação mais elaborada no sentido de influenciar o debate público sobre os destinos da sociedade, mas sem revelar a ligação de tal estratégia com os interesses do capital.
Fisher animou-se com uma visita à organização recém-fundada por Read, a Foundation for Economic Education (Fundação para a Educação Econômica – FEE), em Nova York, criada para patrocinar e promover as ideias liberais. Nesse encontro, o economista libertário F.A. Harper, que trabalhava na FEE à epoca, orientou Fisher sobre como abrir a sua própria organização sem fins lucrativos no Reino Unido.
Durante a viagem, Fisher e Harper foram à Cornell University para conhecer a última novidade da indústria animal: 15 mil galinhas armazenadas em uma única estrutura. Fisher decidiu levar o invento para o Reino Unido. Sua fábrica, a Buxted Chickens, logo prosperou e trouxe grande fortuna para Fisher. Uma parte dos lucros foi direcionada à realização de outro objetivo surgido durante a viagem a Nova York – em 1955, Fisher funda o Institute of Economic Affairs (Instituto de Assuntos Econômicos – IEA).
O IEA ajudou a popularizar os até então obscuros economistas ligados às ideias de Hayek. O instituto era um baluarte de oposição ao crescente Estado de bem-estar social britânico, colocando jornalistas em contato com acadêmicos defensores do livre mercado e disseminando críticas constantes sob a forma de artigos de opinião, entrevistas de rádio e conferências.
A maior parte do financiamento do IEA vinha de empresas privadas, como os gigantes do setor bancário e industrial Barclays e British Petroleum, que contribuíam anualmente. No livro Making Thatcher’s Britain (A Construção da Grã-Bretanha de Thatcher, em tradução livre), dos historiadores Ben Jackson e Robert Saunders, um magnata dos transportes afirma que, assim como as universidades forneciam munição para os sindicatos, o IEA era uma importante fonte de poder de fogo para os empresários.
Quando a desaceleração econômica e o aumento da inflação dos anos 1970 abalou os fundamentos da sociedade britânica, políticos conservadores começaram a se aproximar do IEA como fonte de uma visão alternativa. O instituto aproveitou a oportunidade e passou a oferecer plataformas para que os políticos pudessem levar os conceitos do livre mercado para a opinião pública. A Atlas Network afirma orgulhosamente que o IEA “estabeleceu as bases intelectuais do que viria a ser a revolução de Thatcher nos anos 1980”. A equipe do instituto escrevia discursos para Margaret Thatcher; fornecia material de campanha na forma de artigos sobre temas como sindicalismo e controle de preços; e rebatia as críticas à Dama de Ferro na mídia inglesa. Em uma carta a Fisher depois de vencer as eleições de 1979, Thatcher afirmou que o IEA havia criado, na opinião pública, “o ambiente propício para a nossa vitória”.
“Não há dúvidas de que tivemos um grande avanço na Grã-Bretanha. O IEA, fundado por Antony Fisher, fez toda a diferença”, disse Milton Friedman uma vez. “Ele possibilitou o governo de Margaret Thatcher – não a sua eleição como primeira-ministra, e sim as políticas postas em prática por ela. Da mesma forma, o desenvolvimento desse tipo de pensamento nos EUA possibilitou o a implementação das políticas de Ronald Reagan”, afirmou.
O IEA fechava um ciclo. Hayek havia criado um seleto grupo de economistas defensores do livre mercado chamado Sociedade Mont Pèlerin. Um de seus membros, Ed Feulner, ajudou o fundar o think tank conservador Heritage Foundation, em Washington, inspirando-se no trabalho de Fisher. Outro membro da Sociedade, Ed Crane, fundou o Cato Institute, o mais influente think tank libertário dos Estados Unidos.
Em 1981, Fisher, que havia se mudado para San Francisco, começou a desenvolver a Atlas Economic Research Foundation por sugestão de Hayek. Fisher havia aproveitado o sucesso do IEA para conseguir doações de empresas para seu projeto de criação de uma rede regional de think tanks em Nova York, Canadá, Califórnia e Texas, entre outros. Mas o novo empreendimento de Fisher viria a ter uma dimensão global: uma organização sem fins lucrativos dedicada a levar sua missão adiante por meio da criação de postos avançados do libertarianismo em todos os países do mundo. “Quanto mais institutos existirem no mundo, mais oportunidade teremos para resolver problemas que precisam de uma solução urgente”, declarou.
Fisher começou a levantar fundos junto a empresas com a ajuda de cartas de recomendação de Hayek, Thatcher e Friedman, instando os potenciais doadores a ajudarem a reproduzir o sucesso do IEA através da Atlas. Hayek escreveu que o modelo do IEA “deveria ser usado para criar institutos similares em todo o mundo”. E acrescentou: “Se conseguíssemos financiar essa iniciativa conjunta, seria um dinheiro muito bem gasto.”
A proposta foi enviada para uma lista de executivos importantes, e o dinheiro logo começou a fluir dos cofres das empresas e dos grandes financiadores do Partido Republicano, como Richard Mellon Scaife. Empresas como a Pfizer, Procter & Gamble e Shell ajudaram a financiar a Atlas. Mas a contribuição delas teria que ser secreta para que o projeto pudesse funcionar, acreditava Fisher. “Para influenciar a opinião pública, é necessário evitar qualquer indício de interesses corporativos ou tentativa de doutrinação”, escreveu Fisher na descrição do projeto, acrescentando que o sucesso do IEA estava baseado na percepção pública do caráter acadêmico e imparcial do instituto.
A Atlas cresceu rapidamente. Em 1985, a rede contava com 27 instituições em 17 países, inclusive organizações sem fins lucrativos na Itália, México, Austrália e Peru.
E o timing não podia ser melhor: a expansão internacional da Atlas coincidiu com a política externa agressiva de Ronald Reagan contra governos de esquerda mundo afora.
Embora a Atlas declarasse publicamente que não recebia recursos públicos (Fisher caracterizava as ajudas internacionais como uma forma de “suborno” que distorcia as forças do mercado), há registros da tentativa silenciosa da rede de canalizar dinheiro público para sua lista cada vez maior de parceiros internacionais.
Em 1982, em uma carta da Agência de Comunicação Internacional dos EUA – um pequeno órgão federal destinado a promover os interesses americanos no exterior –, um funcionário do Escritório de Programas do Setor Privado escreveu a Fisher em resposta a um pedido de financiamento federal. O funcionário diz não poder dar dinheiro “diretamente a organizações estrangeiras”, mas que seria possível copatrocinar “conferências ou intercâmbios com organizações” de grupos como a Atlas, e sugere que Fisher envie um projeto. A carta, enviada um ano depois da fundação da Atlas, foi o primeiro indício de que a rede viria a ser uma parceira secreta da política externa norte-americana.
Memorandos e outros documentos de Fisher mostram que, em 1986, a Atlas já havia ajudado a organizar encontros com executivos para tentar direcionar fundos americanos para sua rede de think tanks. Em uma ocasião, um funcionário da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), o principal braço de financiamento internacional do governo dos EUA, recomendou que o diretor da filial da Coca-Cola no Panamá colaborasse com a Atlas para a criação de um think tank nos moldes do IEA no país. A Atlas também recebeu fundos da Fundação Nacional para a Democracia (NED), uma organização sem fins lucrativos fundada em 1983 e patrocinada em grande parte pelo Departamento de Estado e a USAID cujo objetivo é fomentar a criação de instituições favoráveis aos EUA nos países em desenvolvimento.
Nascido em Buenos Aires, Chafuen vinha do que ele chamava “uma família anti-Peronista”. Embora tenha crescido em uma época de grande agitação na Argentina, Chafuen vivia uma vida relativamente privilegiada, tendo passado a adolescência jogando tênis e sonhando em se tornar atleta profissional.
Ele atribui suas escolhas ideológicas a seu apetite por textos libertários, de Ayn Rand a livretos publicados pela FEE, a organização de Leonard Read que havia inspirado Antony Fisher. Depois de estudar no Grove City College, uma escola de artes profundamente conservadora e cristã no estado americano da Pensilvânia, onde foi presidente do clube de estudantes libertários, Chafuen voltou ao país de nascença. Os militares haviam tomado o poder, alegando estar reagindo a uma suposta ameaça comunista. Milhares de estudantes e ativistas seriam torturados e mortos durante a repressão à oposição de esquerda no período que se seguiu ao golpe de Estado.
Chafuen recorda essa época de maneira mais positiva do que negativa. Ele viria a escrever que os militares haviam sido obrigados a agir para evitar que os comunistas “tomassem o poder no país”. Durante sua carreira como professor, Chafuen diz ter conhecido “totalitários de todo tipo” no mundo acadêmico. Segundo ele, depois do golpe militar seus professores “abrandaram-se”, apesar das diferenças ideológicas entre eles.
Em outros países latino-americanos, o libertarianismo também encontrara uma audiência receptiva nos governos militares. No Chile, depois da derrubada do governo democraticamente eleito de Salvador Allende, os economistas da Sociedade Mont Pèlerin acorreram ao país para preparar profundas reformas liberais, como a privatização de indústrias e da Previdência. Em toda a região, sob a proteção de líderes militares levados ao poder pela força, as políticas econômicas libertárias começaram a se enraizar.
Já o zelo ideológico de Chafuen começou a se manifestar em 1979, quando ele publicou um ensaio para a FEE intitulado “War Without End” (Guerra Sem Fim). Nele, Chafuen descreve horrores do terrorismo de esquerda “como a família Manson, ou, de forma organizada, os guerrilheiros do Oriente Médio, África e América do Sul”. Haveria uma necessidade, segundo ele, de uma reação das “forças da liberdade individual e da propriedade privada”.
Seu entusiasmo atraiu a atenção de muita gente. Em 1980, aos 26 anos, Chafuen foi convidado a se tornar o membro mais jovem da Sociedade Mont Pèlerin. Ele foi até Stanford, tendo a oportunidade de conhecer Read, Hayek e outros expoentes libertários. Cinco anos depois, Chafuen havia se casado com uma americana e estava morando em Oakland. E começou a fazer contato com membros da Mont Pèlerin na área da Baía de San Francisco – como Fisher.
Em toda a região, sob a proteção de líderes militares levados ao poder pela força, as políticas econômicas libertárias começaram a se enraizar.
De acordo com as atas das reuniões do conselho da Atlas, Fisher disse aos colegas que havia feito um pagamento ex gratia no valor de US$ 500 para Chafuen no Natal de 1985, declarando que gostaria de contratar o economista para trabalhar em tempo integral no desenvolvimento dos think tanks da rede na América Latina. No ano seguinte, Chafuen organizou a primeira cúpula de think tanks latino-americanos, na Jamaica.
Chafuen compreendera o modelo da Atlas e trabalhava incansavelmente para expandir a rede, ajudando a criar think tanks na África e na Europa, embora seu foco continuasse sendo a América Latina. Em uma palestra sobre como atrair financiadores, Chafuen afirmou que os doadores não podiam financiar publicamente pesquisas, sob o risco de perda de credibilidade. “A Pfizer não patrocinaria uma pesquisa sobre questões de saúde, e a Exxon não financiaria uma enquete sobre questões ambientais”, observou. Mas os think tanks libertários – como os da Atlas Network –não só poderiam apresentar as mesmas pesquisas sob um manto de credibilidade como também poderiam atrair uma cobertura maior da mídia.
“Os jornalistas gostam muito de tudo o que é novo e fácil de noticiar”, disse Chafuen. Segundo ele, a imprensa não tem interesse em citar o pensamento dos filósofos libertários, mas pesquisas produzidas por um think tank são mais facilmente reproduzidas. “E os financiadores veem isso”, acrescenta.
Em 1991, três anos depois da morte de Fisher, Chafuen assumiu a direção da Atlas – e pôs-se a falar sobre o trabalho da Atlas para potenciais doadores. E logo começou a conquistar novos financiadores. A Philip Morris deu repetidas contribuições à Atlas, inclusive uma doação de US$ 50 mil em 1994, revelada anos depois. Documentos mostram que a gigante do tabaco considerava a Atlas uma aliada em disputas jurídicas internacionais.
Mas alguns jornalistas chilenos descobriram que think tanks patrocinados pela Atlas haviam feito pressão por trás dos panos contra a legislação antitabagista sem revelar que estavam sendo financiadas por empresas de tabaco – uma estratégia praticada por think tanks em todo o mundo.
A habilidade de Chafuen para levantar fundos resultou em um aumento do número de prósperas fundações conservadoras. Ele é membro-fundador do Donors Trust, um discreto fundo orientado ao financiamento de organizações sem fins lucrativos que já transferiu mais de US$ 400 milhões a entidades libertárias, incluindo membros da Atlas Network. Chafuen também é membro do conselho diretor da Chase Foundation of Virginia, outra entidade financiadora da Atlas, fundada por um membro da Sociedade Mont Pèlerin.
Outra grande fonte de dinheiro é o governo americano. A princípio, a Fundação Nacional para a Democracia encontrou dificuldades para criar entidades favoráveis aos interesses americanos no exterior. Gerardo Bongiovanni, presidente da Fundación Libertad, um think tank da Atlas em Rosario, na Argentina, afirmou durante uma palestra de Chafuen que a injeção de capital do Center for International Private Enterprise – parceiro do NED no ramo de subvenções – fora de apenas US$ 1 milhão entre 1985 e 1987. Os think tanks que receberam esse capital inicial logo fecharam as portas, alegando falta de treinamento em gestão, segundo Bongiovanni.
No entanto, a Atlas acabou conseguindo canalizar os fundos que vinham do NED e do CIPE, transformando o dinheiro do contribuinte americano em uma importante fonte de financiamento para uma rede cada vez maior. Os recursos ajudavam a manter think tanks na Europa do Leste, após a queda da União Soviética, e, mais tarde, para promover os interesses dos EUA no Oriente Médio. Entre os beneficiados com dinheiro do CIPE está a CEDICE Libertad, a entidade a que líder opositora venezuelana María Corina Machado fez questão de agradecer.
No Brick Hotel, em Buenos Aires, Chafuen reflete sobre as três últimas décadas. “Fisher ficaria satisfeito; ele não acreditaria em quanto nossa rede cresceu”, afirma, observando que talvez o fundador da Atlas ficasse surpreso com o atual grau de envolvimento político do grupo.
Mas talvez a figura mais admirada por Chafuen no governo dos EUA seja Judy Shelton, uma economista e velha companheira da Atlas Network. Depois da vitória de Trump, Shelton foi nomeada presidente da NED. Ela havia sido assessora de Trump durante a campanha e o período de transição. Chafuen fica radiante ao falar sobre o assunto: “E agora tem gente da Atlas na presidência da Fundação Nacional para a Democracia (NED)”, comemora.
Antes de encerrar a entrevista, Chafuen sugere que ainda vem mais por aí: mais think tanks, mais tentativas de derrubar governos de esquerda, e mais pessoas ligadas à Atlas nos cargos mais altos de governos ao redor do mundo. “É um trabalho contínuo”, diz.
Mais tarde, Chafuen compareceu ao jantar de gala do Latin America Liberty Forum. Ao lado de um painel de especialistas da Atlas, ele discutiu a necessidade de reforçar os movimentos de oposição libertária no Equador e na Venezuela.
Danielle Mackey contribuiu na pesquisa para essa matéria.
Tradução: Bernardo Tonasse
Libertários? Na verdade, neoliberais. Texto interessante, mas colocar os governos à esquerda da AL como socialistas é complicado. Lula, Kirchner et al. fizeram governos menos neoliberais, mas nunca socialistas. O autor deveria cuidar os rótulos políticos que coloca.
Este desgoverno vai passar o rolo compressor no Brasil para pagar a dívida com quem financiou o golpe. Como não há perspectivas de continuar após 2018, houve suicídio eleitoral deles, os planos serão cumpridos até o fim de 2018.
https://youtu.be/NajQTN9qhXg
O texto é muito bom em expor uma série de nomes e relações até então escondidos, mas é muito infeliz no uso do termo “libertário”. Existe uma diferença conceitual que não pode ser confundida entre liberal (essa direita defensora do livre mercado) e libertário (que corresponde a anarquistas e comunistas radicais, defensores da abolição do estado e da propriedade prviada). Seria ótimo se pudesse susbstituir o termo utilizado no texto.
Gustavo, claro que em outros contextos ou mesmo na criação da palavra o sentido era outro. Entretanto nos EUA libertário é o cara anarco-capitalista e ahco que a tradução é de lá. Seria o Right libertarian do political compass. E no Brasil o termo libertário, atualmente, também é muito utilizado pra se referir aos anarco-capitalistas. Pelo o que tenho visto quando se fala libertário numa visão mais à esquerda acaba se falando libertário de esquerda e não apenas libertário.
Excelente materia! Leitura obrigatoria daqueles q desejam e almejam ebtender esse absurdo q acontece hoje no mundo, especialmente na america latina. Colocam paises inteiros, nacoes, estados em funcao de uma politicagem arcaica e notoriamente derrotada. A historia se repetindo como farsa!!
A esquerda cai de madura porque este socialismo em exercício e também aquele utópico que dizem que nunca foi alcançado, simplesmente, não funciona. Esse textão é um panfletaço de uma politica obsoleta que “intelectuais” insistem em seguir promovendo.
A direita conservadora não radical conseguiria caminhar, perfeitamente, lado a lado, com a esquerda também não radical porque, ao contrário dos que esses panfletos pregam, estão sim surgindo empresas e mentalidades empreendedoras que desejam o bem ao próximo mas dentro de um sistema capitalista que permita remunerar o risco tomado, o mérito, a livre iniciativa, o empreendedorismo. Seguem usando exceções para generalizar. Usam exemplos de corrupções de grande escala para classificar o pequeno empresário, o empreendedor individual. Um erro crasso.
A direita radical, assim como a esquerda radical produz essas excrescências que se vê hoje, por exemplo, nitidamente, na Venezuela, uma ditadura decadente, bem diferente desse projeto popular descrito ai como vitima de uma organização neoliberal.
Quando escrevem essas bobagens perdem o respeito de quem discorda, porque trata-se de um insulto a inteligencia da pessoa de bem. Esse texto parece ter sido costurado nos porões da PUC ou de qualquer outra faculdade rendida pela militância esquerdista.
Alias, essa militância insistem em achar um culpado para toda sua desgraça, sem assumir seus erros. O MBL não tem sucesso porque é financiado sei la por quem, mas sim porque as pessoas passaram a se identificar com o que eles pregam, e DESACREDITAR com o que a esquerda prega, e também com os métodos com os quais trabalham.
Usem isso para refletir, ao invés de simplesmente soltar um xingo gratuito que não constrói nada.
Difícil é respeitar esse seu comentário cheio de deturpações e lugares comuns. Vejamos:
“A esquerda cai de madura porque este socialismo em exercício “. Qual socialismos em exercício,cara pálida? Venezuela,Brasil, Chile,Argentina e os outros países citados por acaso são socialistas? Vcs parecem que não saíram da Guerra Fria,vêm comunistas até debaixo da cama…
“Usam exemplos de corrupções de grande escala para classificar o pequeno empresário, o empreendedor individual”. Mostre em qual trecho o autor criminaliza ou desqualifica o pequeno empresário ou até a propriedade particular em si.
“O MBL não tem sucesso porque é financiado sei la por quem”. Então é insignificante que um movimento político social seja financiado por entidades estrangeiras? Qual a credibilidade que esse tipo de organização possui?
Cara,se vc é uma pessoa de direita séria,deveria ser o primeiro a criticar esse tipo de interferência estrangeira,pois isso acaba denegrindo todo o espectro ideológico dito conservador.
Prezado Sr.
Boa tarde. Parabéns pela matéria. Apenas um esclarecimento. Isto que o Sr chama de libertário, não são libertários, mas ultra liberais ou neo liberais.
Obrigado.
Prof. Fernando Monteiro.
Libertário nos EUA tem um sentido um pouco diferente do que no restante do mundo. No contexto dos EUA, ele usa no sentido correto.
Se dizem libertários, mas são escravos (de corpo e alma) do dinheiro, do egoísmo e do narcisismo.
Porque a direita sabe que se constrói fortunas, acumula-se riquezas no capitalismo é fruto da corrupção. Usam esse discurso como tática porque sabem que há uma classe média que é facilmente manipulável por esse discurso… Tático, nunca por princípio…
Na boa, vcs vão continuar a defender ditaduras? Vão defender o lixo da Venezuela bolivariana?
Bem, acho que você não entendeu o texto, ou não leu.
Concordo com a crítica de alguns leitores, “libertário” na tradição brasileira remete ao movimento anarquista, por isso alguns autores preferem traduzir o “libertarian” americano, de raiz conservadora e racista para “libertariano”. Isso acentua a distinção.
Prezado Henrique, entendo a sua crítica, mas acabei optando por usar um termo cada vez mais adotado pela própria direita brasileira.
Basta consultar o texto e os comentários dos gringos no I “offshore” e perceber que não é só em português que se montou uma enorme polêmica em relação ao emprego do termo libertarian(ism) para referir-se a essas agrupações políticas e esses setores da opinião pública e portanto tanto lá quanto aqui. E isso é da própria natureza do debate. Também sou dos que acreditam que melhor seria utilizar os termos neoliberalismo para se referir aos aspectos mais doutrinários da discussão e direita neoliberal para os aspectos mais diretamente políticos, e que uma nota pequena esclarecendo os usos dos termos cairia bem. Mas nada disso diminui em.nada a qualidade do texto e da tradução.
Obrigado pelo comentário e pela ótima sugestão. Vou pedir ao editor a inclusão de uma nota explicativa.
Fica muito ruim para a tradução brasileira, usar “libertários” nesse contexto. Libertário é outra coisa, deveria ser traduzido como “liberal”. Libefrtários são os que desejam a liberdade dos povos, das sociedades e não só do dinheiro. Esses são os liberais ou neoliberais.
Olá, sou o tradutor do artigo. Entendo a sua crítica e hesitei na escolha do melhor termo em português. Optei pelo “libertário” por ser um termo usado pelos próprios intelectuais dessa nova direita que o artigo descreve.
O interessante que esses movimentos se dizem contra a corrupção, mas não se manifestam a respeito dos processos de corrupção envolvendo Michel Temer, no Brasil e Macri, na Argentina.
Se a corrupção é um instrumento ? de conquista aos seus interesses: compra daqueles que fazem as leis que os beneficiem, como podem ser contra a corrupção?
Excelente texto mas quero fazer um reparo à tradução. Não é libertário e sim liberal. Libertarianismo não existe em português.
Prezado Cristiano,
Sou o tradutor do texto. Obrigado pela crítica. No entanto o termo tem sido cada vez mais usado pela direita brasileira, e por isso acabei optando pela “novidade”. Mas posso pedir ao editor para inserir uma nota explicativa.
Texto sensacional. Isso mostra como os extremamente ricos são também extremamente podres por dentro. Pessoas mesquinhas que defendem que os interesses do todo, da comunidade, sejam inferiores aos desejos do indivíduo que tenha mais poder.
EUA nunca parou de financiar golpes de estado, apenas mudou a forma como faz.
Além disso, mostra como esses “movimentos democráticos” do país são uma grande farsa. E a massa de manobra caiu direitinho.
Excelente texto. Mostra como os conservadores se articulam e manipulam aquilo que lhes é de interesse em prol dos seus objetivos, que são os objetivos dos donos do capital. Mostra para os brasileiros quem estava manipulando as cordas dos protestos e desestabilização. Aqueles que querem mais bem estar e justiça social precisam estar atentos a essas forças e saber que o jogo maior do que se pensa. Proletariado, Uni-vos!
O texto mostra claramente as medidas de desestabilização do país, tomadas por organizações estrangeiras. Juntamente com os crimes de lesa-pátria por parte da PGR e do STF (sim, o STF, o chamado último bastião…), além da manipulação da mídia hegemônica e a compra de congressistas perpetraram mais um golpe de estado, com bases frágeis como a honestidade dos que perpetraram o golpe.
Assim são dados os golpes de estado atualmente. No Brasil, alguns fatores ajudaram: o Judiciário corrupto, a mídia corrupta e o Congresso ainda mais corrupto. Essa estabilidade citada é a estabilidade dos corruptos.
Que sirva de lição à esquerda. A direita fez a lição de casa. Nunca deveriam ter aberto o vácuo participativo depois de assumirem cargos públicos. Sem conta que se esqueceram completamente do trabalho de formação. Chega a ser engraçado o medo contra os sindicatos fomentado pelas think tank. Sindicatos foram reduzidos a máquinas de interesse corporativo e base de apoio partidária. Perderam a independência necessária para fazer a diferença no jogo político, subjugados por governos conciliatórios e pouco afeitos a enfrentamentos e reformas. Aí, as mudanças estruturais pararam e a instrumentalização das instituições pelo interesse do capital culminou no fim da democracia e na consagração do deus mercado como única força capaz de decidir sobre o futuro de toda a humanidade.
O bom disto tudo é que a fúria capitalista é tão irresponsável que não se sustenta por muito tempo. Seja pela pressão social ou pelos problemas que ele próprio gera para si, o capitalismo está com seus dias contados. O mal disto tudo é que iremos pro fundo do abismo junto com ele.
Já dizia JC (com a licença de citar um cara obsoleto): “Os mansos herdarão a Terra”. Se sobrar alguém depois do Trump, vai estar bem escondidinho, pintando o rosto e batendo maracá no meio da floresta. Alheio ao caos em que o resto do mundo se emaranhou. Eu aposto nisto.
Para ler completo
Very good article.
Mr Chafuen participated together MBL members in street protests to outs Dilma.
These foreign think tanks acted in partnership with the Brazilian mainstream media, globo, veja, Band, folha , also local think tank Millennium Institute.The list of right wing organizations that supported the coup is quite large.
Queo movimentos libertários cresçam ainda mais e possam transformar a mentalidade estatista da América Latina
Creio que a tradução correta seja LIBERAL, NÃO LIBERTARIO, palavra usada diversas vezes no texto para indicar agentes de direita.
É libertário mesmo, a doutrina Liberal fundada por Adam Smith e que norteou o desenvolvimento dos EUA no século 19 e 20, nada tem a ver com essas posições.
Muito bom o trabalho desses think tanks. Estão ajudando a emancipar os indivíduos intelectualmente. parte do método consiste em imitar a maneira como a religião socialista se espalhou pelo mundo, um caso de inegável sucesso…
A ausência de caráter é uma coisa realmente emancipadora. Sem o caráter não há necessidade de ser responsável, solidário, ou comprometido com outra coisa que não seja sua própria vontade. Só acho a estratégia dos think tank um tanto complicada. Bastava lutar pelo direito a lobotomia. É que a natureza nem sempre acerta. Aquelas protuberâncias no cérebro chamadas de lobo frontal e temporal não passam de má formação congênita. Evoluídos eram os neandertais de testa achatada. Eis aí a raça pura a qual Hitler procurava. Pena que devoraram uns aos outros até a extinção (quase) total. Excesso de liberdade?
Procure seus 2% de herança cavernícola e emancipe-se. Está aí em algum lugar.
Muito bom saber que existem pessoas realmente interessadas na defesa do indivíduo, liberdade individual, propriedade privada e na eliminação do poder excessivo do governo. Não é o governo que sabe o que é melhor para cada pessoa.
Sim. Vamos acabar com os árbitros nos esportes. Eu quebro a tua perna e fica por isso mesmo.
Exato. Quem sabe o que é melhor pra cada pessoa é a pessoa que quer que todas as outras pessoas aceitem a soberania das vontades egoístas de sua própria pessoa, entendendo que, a despeito de outras pessoas prejudicadas reclamarem, nada que sua pessoa faça pode ser considerado pessoal, sendo apenas um direito natural da superioridade de sua pessoa ilustre e luminosa sobre as demais pessoinhas insignificantes.
Pessoalmente falando, nem Fernando (o Pessoa) saberia agradar a todas as pessoas do mundo. E olha que ele foi uma grande pessoa.
Abraço pro pessoal ultra-liberal. Vossas pessoas são muito gente, migos.
Essa é a cara da direita, golpistas, vigaristas gente da pior estirpe.
Ainda que a estratégia seja conhecida porque é a sabotagem-padrão que governos e grupos dos USA empregam como política, interna e externamente contra opositores desde o Destino Manifesto*, chocante a desfaçatez de personagens e enredos que, de tanto se falar abstrata e conceitualmente, às vezes perde-se a noção da crueza e abjeção da realidade política a que estamos submetidos, pela desqualificação da Política como arte e engenho de discutir e disputar, com regras claras e comuns, o exercício do poder e da regulação da vida social e econômica.
Este comentário se refere também à entrevista de que o Jornalista participou, no também excelente e fundamental programa Democracy Now com a Jornalista Amy Goodman, sobre a influência de organizações público-privadas em defesa dos interesses do Deep State / governo dos USA em território latino americano e caribenho e, naturalmente, seu reflexo/meta-estratégia na fermentação de golpes de estado e desestabilização generalizada na região (como faz em qualquer região em desenvolvimento e rica em recursos naturais, com países institucionalmente frágeis e onde a disputa por mentes e corações é mais manipulável em decorrência dessa fragilidade, da luta por desenvolvimento estável e pela ausência de sentido de identidade nacional comum e amadurecida pela experiência e pela memória – América Latina, Oriente Médio e Ásia.) Interessante atentar no vídeo da entrevista para um trecho que demonstra que nos USA também os porta-vozes de interesses escusos perderam o pudor de anunciar publicamente o que era sabido mas escandaloso demais para ser admitido: o diretor da CIA, Mike Pompeo, em pronunciamento público sobre a atuação da agência na transição forçada e ilegal do governo eleito da Venezuela. (A ingerência referida pelo intelectual português Boaventura de Sousa Santos no artigo “Em defesa da Venezuela”).
É ler a reportagem e assistir à entrevista para enrubescer e enraivecer – e para fazer herdeiros de sofistas gregos pedirem indenização por tamanha apropriação cultural degenerativa: que o façam [intervencionismo] é uma escolha política até certo ponto compreensível (cada um dá o que tem) mas fazê-lo em nome da liberdade e contra a opressão (de quem? do que?) é trapaça a ser combatida com informação e jornalismo exemplares como o desta reportagem e do Democracy Now, e como forma de garantir que a disputa política e ideológica seja o menos distorcida possível. Já não temos o dinheiro para equilibrar a disputa; se não houver acesso disseminado a informações de boa qualidade pra subsidiar debates populares e públicos, escolhas e decisões, o que resta numa democracia? – voto de cabresto voluntário, este o xeque mate pretendido por esses “stink tanks”.
https://m.youtube.com/watch?v=NDFW3OWUbEI
*”And that claim is by the right of our manifest destiny to overspread and to possess the whole of the continent which Providence has given us for the development of the great experiment of liberty and federated self-government entrusted to us.” (https://en.m.wikipedia.org/wiki/Manifest_destiny) (Tradução livre: “E esta reivindicação [anexação do território do Oregon no século XIX] é pelo direito de nosso destino manifesto em expandir e possuir todo o continente que a Providência nos tem dado para o desenvolvimento do grande experimento de liberdade e autogoverno federativo confiado a nós”. )
SP, 12/08/2017 16:39
Ainda que a estratégia seja conhecida porque é a sabotagem-padrão que governos e grupos dos USA empregam como política, interna e externamente contra opositores desde o Destino Manifesto*, chocante a desfaçatez de personagens e enredos que, de tanto se falar abstrata e conceitualmente, às vezes perde-se a noção da crueza e abjeção da realidade política a que estamos submetidos, pela desqualificação da Política como arte e engenho de discutir e disputar, com regras claras e comuns, o exercício do poder e da regulação da vida social e econômica.
Este comentário se refere também à entrevista de que o Jornalista participou, no também excelente e fundamental programa Democracy Now com a Jornalista Amy Goodman, sobre a influência de organizações público-privadas em defesa dos interesses do Deep State / governo dos USA em território latino americano e caribenho e, naturalmente, seu reflexo/meta-estratégia na fermentação de golpes de estado e desestabilização generalizada na região (como faz em qualquer região em desenvolvimento e rica em recursos naturais, com países institucionalmente frágeis e onde a disputa por mentes e corações é mais manipulável em decorrência dessa fragilidade, da luta por desenvolvimento estável e pela ausência de sentido de identidade nacional comum e amadurecida pela experiência e pela memória – América Latina, Oriente Médio e Ásia.) Interessante atentar no vídeo da entrevista para um trecho que demonstra que nos USA também os porta-vozes de interesses escusos perderam o pudor de anunciar publicamente o que era sabido mas escandaloso demais para ser admitido: o diretor da CIA, Mike Pompeo, em pronunciamento público sobre a atuação da agência na transição forçada e ilegal do governo eleito da Venezuela. (A ingerência referida pelo intelectual português Boaventura de Sousa Santos no artigo “Em defesa da Venezuela”).
É ler a reportagem e assistir à entrevista para enrubescer e enraivecer – e para fazer herdeiros de sofistas gregos pedirem indenização por tamanha apropriação cultural degenerativa: que o façam [intervencionismo] é uma escolha política até certo ponto compreensível (cada um dá o que tem) mas fazê-lo em nome da liberdade e contra a opressão (de quem? do que?) é trapaça a ser combatida com informação e jornalismo exemplares como o desta reportagem e do Democracy Now, e como forma de garantir que a disputa política e ideológica seja o menos distorcida possível. Já não temos o dinheiro para equilibrar a disputa; se não houver acesso disseminado a informações de boa qualidade pra subsidiar debates populares e públicos, escolhas e decisões, o que resta numa democracia? – voto de cabresto voluntário, este o xeque mate pretendido por esses “stink tanks”.
https://m.youtube.com/watch?v=NDFW3OWUbEI
*”And that claim is by the right of our manifest destiny to overspread and to possess the whole of the continent which Providence has given us for the development of the great experiment of liberty and federated self-government entrusted to us.” (https://en.m.wikipedia.org/wiki/Manifest_destiny) (Tradução livre: “E esta reivindicação [anexação do território do Oregon no século XIX] é pelo direito de nosso destino manifesto em expandir e possuir todo o continente que a Providência nos tem dado para o desenvolvimento do grande experimento de liberdade e autogoverno federativo confiado a nós”. )
P.S. Comentário similar a este, que se referia a esta reportagem e à entrevista sobre ela, foi enviado ao site Nocaute em reportagem sobre declaração Trumpista de possível intervenção na Venezuela e não foi publicado pela política, divulgada no site, de não aceitar comentários com links externos.
SP, 12/08/2017 16:18
Leia com atenção
Obrigado pelo artigo. Muito bom e esclarecedor.
Esses think tanks só terão um problema em países como o Brasil. Temos ainda um enorme déficit de bem estar.
Quanto à expressão “libertário”, ela tem uma forte relação com o ideário anarquista. Sou favorável à não chamar esses caras de libertários pois eles definitivamente não são.
Prezado Gustavo, sou o tradutor do texto. Obrigado pela observação. Acabei optando pelo anglicismo para ressaltar a filiação da nova direita brasileira com a tradição americana. Mas pode ser que eu tenha errado, e vou pedir a inclusão de uma nota explicativa à edição.
Lee Fang, não sei se é ou não brasileiro, mas ou foi um deslize na língua portuguesa ou não entende os distintos conceitos: “liberal” e “libertário”, antípodas entre si.
sim, percebi que existe um erro grosseiro de tradução, visto que “libertário” tem um significado diferente do que está proposto no texto.
Em breve “pesquisa” na Wikipedia, parece que não há erro no uso do termo porque, como em muitas coisas, os USA o “reinventaram”, dando a ele um contorno próprio e oposto ao uso original. No contexto específico daquele país, o termo adquiriu a conotação, erradamente universalizada, de “ uma vertente mais radical do liberalismo econômico pró-capitalista” (https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Libertarismo).
Em comum entre as versões de esquerda e direita, o repúdio ao Estado como agente organizador da sociedade, provavelmente mais que o elogio da liberdade como valor supremo, pois, no caso da direita, submete e vincula a liberdade individual e seu exercício à posse e domínio de bens materiais, e na esquerda, não reconhece o efeito das condições sócio-econômicas sobre a expressão da liberdade individual inalienável.
(“Não me amarra dinheiro não, mas a cultura” – Caetano Veloso)
Assim, talvez mais correto adotar o termo “libertário/libertarismo/libertarianismo de direita” para o caso exposto na reportagem.
https://m.youtube.com/watch?v=XTSJJe0aBuk
SP, 14/08/2017 – 12:51
Sou o tradutor do texto. Obrigado pelas críticas e comentários.
No entanto, como aponta a Cristiane Vieira, a questão não é tão simples assim. Mas é verdade que a minha opção pelo anglicismo deveria ter vindo acompanhada de uma nota explicativa.
Bernardo, penso que a questão passa inclusive pela estratégia de divulgação dos TTs: confundir, embaralhar conceitos; é parte da longa marcha de Hayek iniciada no Monte Pelerin.
Cris está certa, assim como o termo usado nesse texto. A questão conceitual é que há um distanciamento dos termos nessa ordem:
Liberalismo=>Neo-Liberalismo=>Libertarianismo.
O liberalismo de Adam Smith chega a ser refutado por neo-liberais e libertários que negam a Smith a paternidade da economia Liberal. O liberalismo não prega um estado mínimo e também não é contrário a políticas sociais.
Perfeito, mas os termos tem conotação política, então vamos fazer uma correção, esses defensores do livre mercado são LIBERAIS, não libertários, pois querem a prisão ao livre mercado…
É a nova ordem mundial, e quando escrevo isso não é sensacionalismo. Hoje em dia para dar golpe, não precisa de cuturnos, armas e bombas, apenas uma rede conspiratória.
O nova ordem Mundial é um movimento da esquerda.
Jornalismo de primeiríssima qualidade. Com todo esse material teria que virar um livro pra ontem.
A esquerda tambem nao ajuda. Olha so as perolas que saem de la:
“On the current crisis in Venezuela, the head of the Workers’ Party, Gleisi Hoffmann, said in a July speech that the party supported President Nicolás Maduro’s administration against the violent offensive of the right” (http://www.bbc.com/news/world-latin-america-40897080)
Sinceramente… sem palavras.
E qual o problema nisso?
Pois é, qual o problema de apoiar um governo ditatorial que está massacrando a própria população de seu país? Também não entendi :/
Estao oferecendo apoio a um ditador.
A ditadura é a forma de governo da esquerda. Sem ditadura a esquerda não implementa seus planos e não sobrevive, dizem defender a democracia para implementarem a ditadura. Portanto não é nada errado apoiar Maduro, Castro, Chaves, ditadores africanos ou qualquer outro ditador. Hitler, mais um ditador, era do partido dos trabalhadores e depois mudou para partido nacional socialista. Isso é a esquerda.
Que contibuição para a ciência e a filosofia política!!!Que profundidade!!! Como diria o Romário do Pelé…
Maduro é ditador e Temer o que seria mesmo? Um ditadinho? Eu diria que falta um certo sentido para o nosso “calculador de ildi”.
Talvez bom senso seria nao oferecer apoio a ditadores ou ditadinhos? Sera que pedir bom senso por parte da esquerda brasileira eh pedir de mais? Mas se a esquerda brasileira quer amarrar o seu barquinho a um navio que esta afundando, eles podem seguir em frente.
…palavras de um democrata e um especialista!
Então, pelo que eu me lembre, o Maduro foi eleito, não? Aliás, a oposição do Maduro, estão propondo uma alternativa que envolve participação democrática? Estão propondo soluções alinhados com os interesses populares?
Olá, parabéns pela excelente matéria. Apenas gostaria de fazer uma crítica ao uso do termo “libertário” como tradução de “liberal”. Penso que não seja uma escolha interessante. O português “liberal” e “liberalismo” já denotam o tipo de pensamento econômico-político referido pela matéria, inclusive na sua recente vertente “neo-liberal”. Acho que adotar “libertário” no lugar de “liberal” acaba por criar uma confusão e um estranhamento, cujo benefício não consigo entender. “Liberalismo” refere-se a “liberar”, “permitir”, no sentido de um Estado permissivo – e não tanto a “propagar a liberdade”, para onde o termo “libertário” me parece apontar com mais costume, termo que inclusive historicamente tem viés revolucionário e contra-cultural. Realmente, não acho uma tradução interessante. No mais, a matéria é excelente.
Olá, Pedro. Sou o tradutor do texto. Muito obrigado pela observação. Hesitei bastante antes de finalmente decidir usar o termo “libertário”. Parece que a palavra tem sido cada vez mais usada pela própria direita contemporânea brasileira, então resolvi arriscar o anglicismo. Mas vou pedir a inclusão de uma nota explicativa.
Estou estarrecido com as informações apresentadas nesse artigo. A Profa Marilene Chauí já havia sinalizado o terrível interesse imperialista americano em derrubar democracias na America Latina, como aqui no Brasil. Mas esse artigo trouxe uma profunda leitura histórica sobre os mecanismos e metodologias utilizadas por eles. Nem em mil anos um artigo como esse estará num portal da grande impressa brasileira, o que me deixa muito triste. Por outro lado preciso agradecer pelo jornalismo destemido (de vdd) que o The Intercept faz aqui no Brasil. Continuem assim, por favor! Eu estava aguandando ansiosamente pelo relato do TIB sobre os tristes acontecimentos na Venezuela e essa matéria foi bastente esclarecedora e se somam às impressões que tenho a respeito do assunto. Obrigado e PARABÉNS!