A Rede Globo quer converter Marielle em um símbolo agradável de clichês políticos, e utilizá-la para seus fins. O modelo é similar à maneira como Martin Luther King é discutido atualmente nos EUA.
Ontem à noite, a Rede Globo dedicou 45 minutos de seu popular programa “Fantástico” à execução de Marielle Franco e ao assassinato de seu motorista, Anderson Gomes. Essa história vem dominando as manchetes no Brasil durante a última semana, e continua recebendo destaque em órgãos de imprensa do mundo todo.
Esse não foi um caso em que a cobertura da Globo elevou uma história à proeminência nacional. Muito pelo contrário: O que nós vimos foi a Globo tentando assumir o controle de uma história que explodiu online graças ao ativismo cidadão e à raiva inconformada causada pelo crime, sem que se precisasse de ajuda ou amplificação dos grandes veículos de imprensa. Essa é uma das poucas vezes em que a grande mídia brasileira foi uma espectadora, não o motor, de uma história.
A Globo pôde ver que a reação ao assassinato de Marielle vinha crescendo e se fortalecendo, indo em direções que deixam as elites brasileiras profundamente desconfortáveis. A cobertura que vimos ontem no Fantástico foi a tentativa da Globo de retomar o controle da narrativa.
Houve partes da reportagem do Fantástico que foram genuinamente informativas e jornalisticamente impecáveis, em especial a exposição detalhada e baseada em fatos de Sonia Bridi, onde ela mostrou o, de forma assustadora, o profissionalismo e a competência demonstrados pelos criminosos, indicando de maneira convincente que seja lá quem tenha sido o mandante dessa execução sabia exatamente como o crime seria investigado pela polícia e como evitar detecção. Esse fato aterrorizante é uma peça fundamental do quebra-cabeça que é entender quem mandou matar Marielle.
Outras partes foram verdadeiramente comoventes e apresentadas de forma belíssima, em especial as entrevistas com Mônica Tereza, a esposa inconsolável de Marielle, a sua filha, seus pais e sua irmã. A inclusão proeminente da vida e morte de Anderson, bem como uma entrevista conduzida forma muito delicada com sua viúva, são também elogiáveis.
O programa fez jus à trajetória notável e inspiradora da vida de Marielle: da pobreza, privação e maternidade solteira aos 19, ao curso de Mestrado, ativismo pelos direitos humanos, empoderamento político e votação massiva em sua candidatura à câmara municipal em 2016.
Esse não foi um momento insignificante na mídia brasileira: uma negra, lésbica, da Maré e do PSOL homenageada e glorificada numa das plataformas de mídia mais importantes da Globo, com milhões de pessoas assistindo. A esposa de Marielle foi incluída com destaque, e não escondida.
As perspectivas de vários políticos de esquerda e ativistas foram incluídas de maneira respeitosa. E eles condenaram e criticaram os politicos e juízes de direita que vem espalhando mentiras sobre a vida de Marielle. Tudo isso deve ser celebrado.
Mas Marielle era, antes de tudo, uma pessoa política: uma radical, no melhor e mais nobre sentido da palavra. Foi seu radicalismo que a tornou uma inspiração para tantos indivíduos sem voz, e uma ameaça a tantos grupos poderosos e corruptos. Seu ativismo e suas crenças políticas eram a essência de Marielle, uma parte fundamental de sua identidade, a peça central daquilo que a tornou uma figura com tanta força e poder.
O crime que terminou com sua vida foi também estritamente político. Não há maneira de compreender a vida e o assassinato de Marielle sem uma sincera e clara discussão de sua vida política. O que faz de seu caso tão jornalisticamente relevante é sua política, que por sua vez produziu os motivos políticos para que alguém a quisesse morta. Estes são os assuntos mais difíceis e complicados, além de os mais importantes, na cobertura da vida e da morte de Marielle.
E foram estes assuntos que o Fantástico evitou quase completamente – com exceção do momento em que os manipulou descaradamente para seus próprios interesses. No único trecho em que tratava de sua vida política, o fazia de maneira banal, com uma discussão condescendente da definição de “direitos humanos”, que o Fantástico basicamente reduziu a uma declaração paliativa e incontroversa de que todos os humanos nascem livres e devem ser tratados igualmente: proposições que virtualmente todo político brasileiro, da direita à esquerda, endossaria alegremente.
O Fantástico drenou a política de Marielle de sua vibração, seu radicalismo e sua força, e a converteu em um gibi simplista de clichés vazios que, na prática, não seriam questionados por ninguém.
Extinguir a sensibilidade política real de Marielle foi crucial para alcançar os objetivos da Rede Globo. As emoções derivadas do brutal assassinato de Marielle foram contundentes e poderosas. A questão é: para que fins estas emoções serão direcionadas? Que consequências elas forjarão?
Em última análise, o que o Fantástico realmente buscava se tornou cristalino no fim de sua cobertura. Tomaram o poder ainda crescente da história de Marielle, e tentaram limita-lo à uma simples e apolítica história de interesse ordinário, algo que nos faz chorar, sentir-nos tristes, empáticos, e talvez até irritados, mas não de uma maneira que faria o espectador adotar as causas de Marielle, ou devotar sua vida à agenda política que ela simbolizava.
A Rede Globo e seus companheiros da elite cultural enxergam um grave perigo nos efeitos do assassinato de Marielle. Eles podem ver que o caso está acordando pessoas tradicionalmente desapoderadas para a crueldade das desigualdades sociais e da intolerável criminalidade de suas forças policiais. O crime está estimulando moradores de favelas a se organizar e mobilizar.
Esse crime está apontando um dedo não para os traficantes de drogas ou criminosos comuns – a narrativa favorita da Globo – mas às forças utilizadas pelas elites do país para impor seus interesses e assegurar seus privilégios: seus exércitos, suas polícias, seu sistema político tradicionalmente masculino, branco e rico.
São estes grupos e essa política que Marielle dedicou sua vida a combater – uma luta que vai muito além da agradável, inapelável e inócua ideia de “direitos humanos” que o Fantástico priorizou. Aqueles que se sentem ameaçados pelo ativismo e pelos princípios políticos de Marielle percebem que sua morte está fortalecendo esta luta – e querem desesperadamente redirecionar estas poderosas emoções para longe do que ela acreditava e inspirava, em direção a uma ameaça menor ao poder do status quo.
É por isso que o Fantástico investiu pesado nas emoções humanas nesta reportagem – o sofrimento, o choro dos parentes, o assassinato de um pai de família trabalhador que sustentava seu bebê, a raiva que todos sentimos quando uma vida humana é violentamente extinta, a música fúnebre que nos deixa tristes – e ignoraram os aspectos políticos assustadores da vida de Marielle.
A Globo sabe que não pode deter ou limitar o poder das emoções, então ela tenta torná-lo apolítico e portanto inofensivo. Ela quer que toda essa tristeza e indignação caiam no buraco negro da irrelevância política, como uma de suas super-emotivas novelas, onde o assassinato de Marielle não tenha significado nenhum além de deixar as pessoas um pouco mais irritadas com a escalada da violência no Brasil.
Mas ainda pior que a supressão das convicções politicas de Marielle foi a tentativa do Fantástico de despolitizar sua morte – ao tentar explorar a imagem de Marielle para obter apoio à uma política que ela detestava: a “intervenção” militar de Michel Temer no Rio de Janeiro. Depois de 45 minutos construindo tristeza e raiva pelo assassinato, o Fantástico canalizou esses sentimentos de forma manipulativa e exploradora, subvertendo as causas políticas de Marielle.
Imediatamente em seguida aos segmentos homenageando Marielle veio um sobre o assassinato horrível de uma criança no complexo do Alemão, indo em seguida para um repórter em Brasília que informou que o presidente estava naquele momento em uma reunião com ministros em busca de mais recursos para a intervenção.
Foi nesse momento que ficou clara a agenda odiosa e ameaçadora do Fantástico. Não se tratou somente de eliminar o riso de que a morte de Marielle galvanizasse apoio para a causa política à que ela dedicou sua vida. Foi ainda pior: exploraram a morte de Marielle para fortalecer tudo que ela lutou contra.
A mensagem do Fantástico foi tão óbvia quanto foi detestável: “agora que passamos todo esse tempo te deixando triste e com raiva pelo assassinato brutal de Marielle, você deve entender que a intervenção militar de Temer é justificada”. Oficiais do PSOL e outros ativistas de esquerda reconheceram imediatamente o que estava acontecendo e denunciaram essa distorção.
Alô, @showdavida! Marielle era CONTRA a intervenção no RJ. #MarielleNosRepresenta https://t.co/wEWiJv4FMz
— PSOL 50 (@PSOLOficial) March 19, 2018
Para @Showdavida: fala que a Marielle era contra a intervenção no RJ, Fala que ela estava na comissão para investigar. Não queremos dinheiro p intervenção, queremos dinheiro para educação, saude e postos de trabalho. Conta a história da Marielle direito.
— David Miranda (@davidmirandario) March 19, 2018
Marielle sabia que a intervenção militar é uma farsa! Não permitiremos que usem a execução de uma companheira para justificar essa medida demagógica e autoritária. https://t.co/aY3l0s9zC0
— PSOL 50 (@PSOLOficial) March 19, 2018
A @RedeGlobo se espantou com a reação ao assassinato brutal de Marielle Franco (os vários atos pelo país) e temendo que esta reação pudesse se voltar contra o GOLPE tratou de capturar a comoção social para construir uma narrativa que esteja sob seu controle. #Fantastico
— Ricardo Pereira (@ricardope) March 19, 2018
Talvez o motivo pelo qual eu seja especialmente sensível a esse esquema de distorção seja que eu já tenha visto exatamente essa mesma tática condenável da mídia ser usada de maneira muito efetiva nos EUA. Nos anos 1990, um debate baixo e sujo consumiu os EUA sobre se o aniversário de Martin Luther King deveria ou não se tonar um feriado nacional.
É fácil entender porque isso foi tão controverso. King era um verdadeiro radical, detestado por muitos. Ele denunciava os males do capitalismo. Ele conclamava ao levante as populações mais oprimidas. Ele criticava o imperialismo americano. Em um discurso proferido um ano antes de morrer, denunciando a participação dos EUA na guerra do Vietnã, ele disse que o governo dos EUA era o “maior causador de violência hoje no mundo”, bem como o maior expoente da “arrogância assassina do ocidente que vem envenenando a atmosfera internacional há tanto tempo”.
Assim, se você for parte da elite política ou econômica dos EUA, e souber que não poderá apagar a memória de uma pessoa com opiniões tão perigosas e ameaçadoras, o que você faz? Você apaga todas as opiniões que forem ameaçadoras a você, permitindo que ele seja celebrado de maneira inofensiva e convertendo o que ele representa em algo simplista e clichê. No feriado em homenagem à King, seu desprezo ao capitalismo e suas denúncias contra imperialismo americano raramente são lembradas.
Hoje em dia, poucos americanos conhecem esse lado de King. Ao invés disso, ele é tratado como um símbolo de concepções vagas e elementares sobre igualdade racial que poucas pessoas rejeitariam. Ele foi reduzido ao menor denominador comum, e as partes verdadeiramente subversivas de sua visão de mundo foram deliberadamente apagadas da história.
Da mesma forma que o Fantástico tentou ontem a noite explorar a memoria da Marielle em apoio à uma política que ela passou o último mês de sua vida opondo veementemente – a intervenção militar no Rio – o governo dos EUA hoje tenta explorar a memória de King em apoio ao militarismo e imperialismo, os quais ele detestava com toda a força. O exército dos EUA utiliza a imagem de King em sua propaganda, como se o mero fato de que essa força matadora é racialmente integrada fosse deixar King orgulhoso e apoiasse a violência dos EUA.
É isso que muitos no Brasil querem fazer com a imagem de Marielle. Eles sabem que ela não será esquecida, e que a raiva e o nojo que seu brutal assassinato causou não vão simplesmente desaparecer. Assim, o projeto é de retirar dela todo o radicalismo e energia subversiva, transformando-a em um símbolo genérico e inofensivo que possa ser explorado em favor de interesses contrários aos que ela sempre defendeu, inclusive para gerar apoio à políticas que ela detestava.
O episódio do Fantástico de ontem foi o primeiro passo nesse projeto. É a responsabilidade de quem acredita na visão e no ativismo de Marielle impedir que esse revisionismo e exploração detestáveis prevaleçam.
[Divulgação: o marido de Glenn Greenwald, David Miranda, serviu ao lado de Marielle na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, no mesmo partido, e ela era uma amiga pessoal dos dois]
Parabéns pelo texto, suas palavras traduzem muito bem a realidade. E A LUTA VAI CONTINUAR!!!
Acompanho o theIntercept desde antes do golpe parlamentar, não resta dúvida. Este é o local, para nos acordar de nosso profundo sono e sair de uma Matrix de dominio imperial promovido pelas forças ocultas das organizações globo e outras de objetivos similares.
Excelente matéria. Parabéns.
Que essa análise possa iluminar a atuação dos que se indignaram com esse assassinato
Brilhante, detalhada, devidamente demonstrada e uma inspiração sua coluna, Greewald! Parabéns! Já me aproveito bem dela para avançar minhas discussões.
Obrigado.
è a primeira vez que leio sua coluna e faço minhas as palavras de Maria M R Lennie.
“É um prazer imenso ler a maneira profunda e honesta como o Glenn descreve a realidade. A nobreza da causa da Marielle e das Esquerdas em geral.”
Muito bom!
Identificaram e prenderam, rapidamente, os terroristas das Olimpíadas que, por coincidência, eram da Paraíba também. Será que eles são da mesma cidade da agência dos Correios onde foram roubadas as balas da Polícia Federal? Espero que as investigações do caso da Marielle não caiam no esquecimento também… MARIELLE FRANCO SEMPRE!!!!!
Excelente analogia! No dia que vi a chamada sobre a matéria da execução de Mariela já pensei vem manipulação por aí, achei um tanto estranho a Globo se importar com a morte de uma militante tão ativista como Mariela.
Glenn, acompanho seu trabalho há alguns anos e quero agradecer por compartilhar suas visões de mundo conosco, pelo jornalismo investigativo e cidadão e tão fundamental à democracia. Muito obrigado.
COMO SEMPRE, ÓTIMO!
É a primeira vez que leio o seu texto e já me tornei seu admirador. Perfeita análise sobre a cobertura embusteira da família Marinho. Aliás o que esperar das Organizações Globo, uma autêntica organiza criminosa aliada a uma elite nefasta que nesse momento se alinha de forma subserviente ao governo americano.
É um prazer imenso ler a maneira profunda e honesta como o Glenn descreve a realidade. A nobreza da causa da Marielle e das Esquerdas em geral.
Acompanho o fantástico a um bom tempo justamente pelo lado de jornalismo investigativo que eles realizam.
Com esse acompanhamento, eu acredito ser muito capaz de entender o que é realizado e acima de como, acredito que entendo muito bem o porque.
O fantástico tem o rabo preso. Eles não podem falar o que acreditam e precisam fazer isso de maneira discreta.
Do meu ponto de vista, eles procuraram passar um engajamento político contra o Temer, porém eles não podem ser explícitos. A forma de colocar as ações do planalto (de dar mais dinheiro para a intervenção) não foi noticiada como se fosse A solução, do meu ponto de vista, novamente me baseando em costume de ver o programa, eles foram bem contidos em passar a informação de maneira neutra, pois não concordavam com a ação.
De qualquer modo, sim, sempre existe a questão de controle, afinal, a Globo é A grande mídia brasileira, e mesmo que ditaduras caiam o poder simbólico dela se mantém (ou tentará se manter). Só acho que, às vezes, devemos ler nas entrelinhas e confiar que há pessoas do outro lado que lutam pelo nosso, da maneira que podem.
Excelente mate’ria! Assisti ao Fanta’stico inteiro e nem de longe percebi a camuflagem da realidade pela globo. Desconhecia o a’rduo trabalho da Vereadora Marielle. Minhas sinceras homenagens ‘a memo’ria dessa Guerreira! Tudo e’ muito lamenta’vel.
Parabéns pela matéria Glenn e por todo o seu trabalho! Obrigada por nos ensinar sobre o que fizeram com o legado de Martin Luther King!
Rede Lixo=câncer do Brasil, a cada ano, felizmente, seus lucros vem caindo!
Peço encarecidamente a todos e a todas que não votem em candidatos donos de meios de comunicação golpistas, para que num próximo governo de esquerda, tenhamos quórum de senadores decentes que votem pela cassação do direito de alguns detentores de mídias, pela regulação e pela democratização dos meios de comunicação! Fora temer! Todo o poder ao povo trabalhador!
Como diz Frei Beto, vamos deixar o pessimismo para dias melhores!!! Agora é hora de arregaçar as mangas e ir à luta! O Brasil precisa de nós
Perdemos a grande oportunidade de atacar nosso maior inimigo (globo). Se cada uma daquelas personagens (com todo o respeito ao sentimento de todxs) que apareceram no fantástico (18/03/2018) não tivesse se sujeitado a participa, teria sido uma vitória histórica, dentre todas as batalhas que travamos (e perdemos) contra a globo e tudo o que ela é e faz. Fico imaginando se Freixo, ao invés de conceder aquela entrevista esvaziada de toda a potência da realidade que estamos vivenciando, tivesse esculhambado com toda a equipe de fantoches da globo empenhada em produzir esse pastiche vergonhoso, constrangedor e infinitamente redutor da gravidade do momento pelo qual estamos, tragicamente, submetidos. Queria muito ter sabido que Freixo não desperdiçou a oportunidade para dizer coisas do tipo:
rede globo, você foi a maior fomentadora do ódio que temos visto ascender no Brasil!
rede globo, você apoiou o golpe contra a Presidenta Dilma!
rede globo, você apoiou o golpe de 1964!
rede globo, você apoia e faz propaganda da intervenção militar no Rio!
rede globo, você é uma concessão pública, no entanto, você age com interesses políticos, é entreguista, e trabalha para atender aos interesses internacionais, colonialistas, e da elite orgânica mundial!
rede globo, você atua como uma máquina de perversão da inteligência humana, por isso você é extremamente nociva à plena realização da humanidade!
rede globo, você é o ópio do povo, principalmente da classe média!
rede globo,
rede globo,
REDE GLOBO, VÁ PRO RAIO QUE TE PARTA!!!!!!
Perdemos uma grande oportunidade de dizer “basta!”, de ser ativo e altivo, de ser duro (contra o regime manipulador e assassino), de dar trabalho para os golpistas, de desarticulá-los; de despotencializá-los.
Mais estratégia, menos oportunismos, é muito do que se espera do espectro de esquerda do campo político.
O Povo Brasileiro não precisa da rede globo, para nada, muito menos de espetáculo da vida trágica que ele, Povo, está sendo sujeitado a viver.
A brutal execução de Marielle e Anderson foi um ato terrorista. A globo também está sendo terrorista, ao espetacularizar o fato para impor mais medo e terror na população, para justificar a manutenção da intervenção no Rio e (se pá!) no restante do país. Daqui a pouco cancelam as eleições de 2018, e aí?
Rasgaram a Constituição
Derrubaram a Dilma
Está provado que Moro-Lava Jato é um aparelho americano para “ajudar no golpe”.
Condenaram Lula sem provas.
Mataram Marielle Franco e centenas de lideranças políticas desde o golpe de 2016.
Desmantelaram o Estado de Direito.
Então, quantos mais 7×1 vamos levar?
Vamos falar de futebol, copa, ou de vidas?
Vamos pra rua lutar, ou pra frente da tv assistir o novo capítulo da mesma novela?
Caro Greenwald,
parabéns pelos esclarecimentos.
Há muito tempo vivemos num estado policial no Brasil.
E vocês nos EUA sabem bem: quanto mais se gasta com armamentos, menos se investe em educação.
Tomara que o cidadão continue exigindo prestação de contas do governo federal sobre essa intervenção no RJ.
Parabéns pela análise precisa!
Que bom que o Brasil e o mundo tem a sua visão crítica dos fatos. Acompanho seu trabalho desde que o golpe se iniciou! Obrigado por isso!
O Fantástico e a Globo tem se especializado em manipular e moldar a opinião pública desde a sua fundação, é dela a culpa por tanta ignorância no Brasil e total distorção diante dos graves fatos da nossa história.
Excelente reportagem.
acho que tem um erro de digitação no texto
“de eliminar o riso de que a morte de Marielle” em vez de riso, é risco?
simplesmente brilhante seus comentários. nao quis ver o Fantástico porque ja previa essa manipulacao. FODA É CONSEGUIR QUE AS PESSOAS PERCEBAM QUE ESTÃO SENDO MANIPULADAS. AO promover uma noticia com a qualidade jornalista e os recursos que a emissora possui,pode levar milhões de espectadores, neutros, despilitizados, assíduos de sua programacao, confundirem a historia de Matielle a mais um festim novelistico e midiático. Este artigo precisa alcançar essas pessoas.
simplesmente brilhante seus comentarios. Eu não quis ver o Fantástico porque ja previa essa manipulação. A Globo é rresponsável por este bárbaro assassinatos na medida que pediu e ganhou a intervenção militar no Rio. FODA É CONSEGUIR QUE AS PESSOAS PERCEBAM QUE ESTÃO SENDO MANIPULADAS TAMBEM, através de um programa jornalistico devqualidafe
A grande mídia vai promover o esvaziamento da luta da Marielle da mesma forma que fez com Chico Mendes e Dorothy Stein. Excelente artigo!
Parabéns Glenn,análise minuciosa e criteriosa .Importante seria que a sociedade brasileira tivesse acesso à este texto .A população necessita de informações jornalísticas de qualidade ,profissional.Aqui deixo uma pergunta haveria a possibilidade do Theinterceptbrasil junto às outras médias criarem um canal de televisão para cobrir este vazio ,capaz de competir com a Globo e chegar assim aos lares brasileiros. A TV é ainda o meio de comunicação ao qual a população está conectada . Sucesso e boa sorte .
Assista a TVT o jornalismo limpo de manipulação , assim pelo YouTube , Facebook o canal aqui em SP é 44.1 ouça a rádio Brasil Atual 99.8 vc vai se surpreender ,confira e divulgue
E no outro lado há a tendência de “beatificar” a Marielle – as emoções levam as pessoas a criar uma falsa narrativa de heroismo e sabedoria que valida sem razão as causas políticas que ela defendia.
O próprio Glenn a compara com MLK Jr (!) e afirma que “as elites” têm medo do “radicalismo” dela influenciar a população, quando na verdade ninguém – nem as elites nem o povão – se importa ou acredita muito nessa possibilidade, ela era apenas uma vereadora do PSOL, pouca relevância política.
muito importante essa análise, especialmente porque a Globo, para muita gente, ainda é de uma sutileza sem par. Obrigada pela lucidez e capacidade de análise. Vou compartilhar esse post.
Ladainha chata essa de atacar a Rede Globo.
É sempre assim: se a Globo não veicula, são omissos. Se noticia, são inconsistentes, mentirosos e tendenciosos.
Se a esquerda odeia tanto a Globo, por quê então o Freixo, Chico Alencar e outras figuras deram entrevista para a rede? Hipócritas. Sabem que a audiência garantida.
A Globo tem dono, linha editorial e ideologia, assim como qualquer empresa, organização, partido também tem. Segue, assiste e compartilha quem quer.
Se não concordam com a Globo, simplesmente parem de assistir e mudem a sintonia pra alguma emissora que fale a linguagem que os agrade.
E mais uma vez: deixem de ser hipócritas.
O melhor deste golpe infame e desumano, foi nos aproximar deste jornalismo digno, que
Nos direciona com
Clareza para uma visão clara da verdade. Aqui eu agradeço a você maravilhoso
Clean e equipe, por não nos deixar a deriva. Muito obrigado.
Texto digno de um dos melhores jornalistas do mundo. Absolutamente brilhante! O Intercept é o oxigênio que a nossa democracia necessita! Parabéns, Glenn!
A Globo puxou pelo lado do luto, e o medo que o luto vire luta heim….
Para ficar somente no luto, nada como fazer o povo chorar, ficar triste….nada mais além disso
Uma afronta a memória de Marielle
A Globo faz a cobertura como se a falecida fosse Airton Sena
Ela foi uma anti-Sena, anti-celebridade, um suporte do desvalidos
Esse diferencial a Globo esconde
Para a Globo, vivos tem la sua diversidade que a Globo esconde, talvez para que, mortos, sejam todos iguais
Além disso, a execução de Marielle foi o teste trive da Globo na prisão do Lula: a emissora testou seu poder de manipulação das massas em situações limites
A Globo não dá ponto sem nó
Parabéns pelo seu comentário!
Excelente e precisa análise. Surpreendente o quão maquiavélica a Rede Globo e Grande midia mundial podem der.
I love you!
O sentimento de revolta é grande.Choro a cada informação dessa personalidade que não conheci. Me conforto em saber que não estamos sozinhos nas lutas cotidianas. saúde.
Fizeram uma matéria linda e informativa sobre ela e vc ainda critica, falando que de golpe e etc… Falando ainda que tentaram ESCONDER o que ela faz… E todo radicalismo é imbecil. Ainda fizeram mais, evitando que a imagem dela fosse manchada por movimentos imbecis de MBL e afins.. Mas não é o bastante pra vocês, militantes fanáticos.Por isso o país tá essa merda. Tudo vira briga política. Até uma tragédia dessas vira motivo pra chamar a Globo de golpista e todos aqueles xingamentos insuportáveis que virou guerra entre direita e esquerda. Não vejo diferença nesse seu questionamento e naqueles cretinos que divulgaram que a Marielle era amante de bandido. Afinal, é mais fácil culpar terceiros. Nem na dor é possível uma união. Pelo contrário, parece que querem é dividir de vez mesmo… Triste.
Obrigada, Glenn! Nunca me canso de agradecer a você pelo jornalismo que faz!
Acho muita válida a análise, mas fiquei com uma dúvida: não seria o caso daqueles próximos da Marielle ou das causas que ela defendia e que concederam entrevistas à Globo terem se recusado a falar com a equipe do Fantástico? A minha pergunta não contém nenhuma insinuação ou ironia, até porque o momento não é pra isso. Mas eu realmente sempre achei que a esquerda, que sempre acusou a Globo de manipulação, acaba endossando e por vezes validando essa postura da emissora.
É o mesmo que fizeram em 2013, tomando pra eles a narrativa das manifestações do MPL e contra a violência policial, e transformando em atos pelo impeachment. O resultado é a tragédia que estamos vivendo hoje.
Só gostaria de dizer como é reconfortante saber que há jornalistas como Glenn Greenwald e sua equipe do The Intercept trabalhando de forma séria e fazendo o que a mídia nativa brasileira se nega há tempos. Força e coragem pra vocês!
A DURA ESCOLHA ( um texto que achei na internet)
O que direi a seguir é uma opinião bem particular e uma reflexão que pode ou não ser interessante para alguém. Não faço aqui nenhuma apologia a violência e tampouco a irracionalidade. Faço uma reflexão, com base naquilo que sei sobre a história, sobre política e sobre a formação das civilizações. Estou aberto a críticas, contraditórios e adendos, caso o leitor as tenha.
Há momentos na vida em que precisamos tomar uma atitude. Essa atitude pode vir de variadas formas, mas normalmente quando a situação é extrema, tomamos atitudes extremas. Assim como na vida, a história segue o mesmo percurso. É verdade também que atitudes radicais geram consequências radicais. E tais consequências podem ou não ser positivas. Tudo sempre depende das atitudes subsequentes a primeira. Logo, nem tudo que começa bem, terminará igualmente bem. E nem tudo que começa mal, terá de terminar mal.
O Brasil tem vivido desde 2013 anos de movimentação e agitação permanente. Tudo aquilo que o povo brasileiro sempre soube, veio a tona. Há muitas formas de delimitarmos o “quando” disso ter começado. Em todo caso, não é tão relevante para o que é dito neste artigo. O que importa é que o brasileiro hoje sabe, exatamente e abertamente, como o sistema funciona. Não há mais desculpas para a desinformação, especialmente na era da Internet. Sabemos o que acontece na Câmara de Vereadores do mesmo modo que sabemos o que acontece no Senado. Tudo estás às claras, para o brasileiro e para o mundo.
E estando tudo à mostra, devidamente claro para todo mundo ver, o que resta para nós, brasileiras e brasileiros, é tomar uma atitude quanto a isso. E para tanto, devemos considerar onde estamos diante da situação.
O cenário é o seguinte:
I. O poder Executivo Federal está aparelhado politicamente por marginais de colarinho branco;
II. O Poder Legislativo Federal (Câmara dos Deputados e Senado) está igualmente aparelhado pelos mesmos marginais e facções criminosas.
III. O Poder Judiciário, igualmente envolvido em conversações e negociatas com estes poderes Executivo e Legislativo, já não tem o respeito do povo e não é íntegro como se espera.
IV. Os governos estaduais e municipais estão igualmente corrompidos, cada qual em diferentes níveis e em diferentes setores.
V. Não se pode confiar 100% na Polícia Federal e nem no Ministério Público Federal, ainda que se possa assegurar que nichos de ambas as instituições são formados por profissionais sérios, enquanto outras partes podem sofrer pressões políticas e económicas muito fortes.
VI. A grande imprensa, sem exceção, trabalha em função de seus interesses económicos e imediatos, não havendo qualquer pertinência ou compromisso com a pátria brasileira e o povo brasileiro.
É claro que nenhuma destas afirmações acima são comprovadas como 2 + 2 = 4, uma vez que estamos falando, precisamente, daquilo que não é dito, não é investigado e não é procurado. Em todo caso, desde 2013 estes seis fatos acima descritos estão aparentes e muito claros para qualquer brasileiro ver. A escolha entre ver e não ver, é inteiramente do indivíduo.
Partindo do pressuposto de que você, caro leitor(a), resolveu ver as verdades ditas acima, a você cabe uma escolha. Ficar calado diante de tudo isso, ou fazer alguma coisa. Se você escolher ficar calado, apostando nas próximas eleições (ainda que saiba, em seu íntimo, que estas eleições podem ser fraudadas), se você prefere que o atual governo, publicamente corrupto (Michel Temer), permaneça no poder pois a “economia tem de melhorar”. Se você utiliza tais argumentos em seu dia-a-dia, sinto dizer mas você é cúmplice dos seis fatos acima descritos. E por consequência, é cúmplice de um crime: a morte lenta e dolorosa da consciência do povo brasileiro e a morte da esperança no Brasil.
No entanto, se você sabe de tais fatos e quer fazer alguma coisa (qualquer coisa), que não seja acreditar em políticos e nem em salvadores da pátria, então temos muito o que conversar a partir de agora.
Ø Um problema geracional:
O que o Brasil está vivendo é o encontro dele consigo mesmo. É um momento de reflexão a cerca da nossa identidade nacional. Mais do que lutar contra corrupção ou contra partido X, Y ou Z, o que estamos vivendo é a oportunidade de ouro que o Universo, o Acaso ou Deus, se você for religioso(a), está nos dando. A oportunidade de determinar o que queremos para nós mesmos. Poucos povos tiveram essa oportunidade. Talvez apenas três: os EUA na era revolucionária, o Reino Unido durante suas guerras civis e a França durante sua Revolução. Demais povos passaram à margem de suas mazelas e foram manipulados, tanto por fascistas quanto por neoliberais.
No entanto, a mudança que podemos vislumbrar não dará resultado na nossa geração. Nós somos a geração que vai LUTAR, que vai INICIAR um processo. O término deste processo talvez só venha com nossos netos, quando já estivermos todos mortos. Isso é importante de ser esclarecido, pois não estamos falando do imediato prazo, nem do curto prazo e nem do médio prazo. Estamos falando do longo prazo. Em todo caso, a mudança que resolvermos adotar agora, ecoará nos próximos séculos. E embora os sacrifícios sejam muitos, é certo que o futuro será melhor do que o nosso presente.
Não podemos mais fugir da realidade. O Brasil como está não funciona. E não tem como continuar funcionando. Nossas instituições não possuem a chancela do povo, os líderes não são respeitados e nem merecem o respeito do povo. Tanto setores económicos como políticos e jurídicos estão em conluio pela manutenção de uma matriz, onde o mesmo grupo de indivíduos sempre se beneficiarão enquanto a grande massa brigará por migalhas.
O povo brasileiro é culpado por isso. Em grande medida, por querer se dar bem tanto quanto estes marginais de alto escalão. Mas se antes tínhamos a desculpa da desinformação e falta de percepção, hoje não podemos mais usar esta desculpa. Nós sabemos qual é o problema. E o mundo sabe que nós sabemos. Nós reconhecemos quais são os símbolos que nos impedem de avançar nesta vida. Somos brasileiros, temos um mesmo inimigo e no entanto, querem nos dividir e nos controlar.
Está na hora do povo brasileiro se unir contra o sistema por inteiro. Desde as Câmaras de Vereadores até o Senado Federal, Câmara dos Deputados, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto. O Estado tem de temer o povo, não o contrário. A escolha que você, que quer lutar, possui diante de si é a seguinte: você pode e deve desobedecer o Estado brasileiro. Você pode e deve exigir uma mudança radical e absoluta. O povo deve derrubar o sistema, pedra por pedra, literalmente. Políticos corruptos devem ser retirados de seus gabinetes violentamente. Deve haver linchamento público. Deve-se instalar o caos.
Eu sei o que você está pensando. “Oras, mas ai os militares vão aparecer e vai virar uma guerra civil, do Estado contra o povo”. Sim, é isso que vai acontecer. E não sou ingénuo em achar que as coisas ficarão boas, porque não ficarão. Tudo piorará muito. Vai morrer muita gente, vai haver muita crueldade, muito sangue de toda parte. O país entrará em colapso, a economia vai decair completamente e o povo ficará, pela primeira vez, diante de si mesma sem desculpas. Nua e crua.
Diante do caos, contudo, todo brasileiro notará uma coisa simples: as instituições são necessárias. E mais do que isso, mais vale a paz do que a guerra. Seremos obrigados a dialogar, se quisermos impedir mais caos e mais mortes. Seremos obrigados a PARIR novas instituições, novos símbolos nacionais, novo hino, nova constituição… parir um novo Brasil. É daqui que a luta começará a provar seus resultados. Pois, embora o caos aparente indique um caminho sem volta, a certeza é que nunca mais voltaremos ao caminho que vivemos hoje. Se o povo se revoltar em UNÍSSONO contra o Estado brasileiro, será um grito de liberdade que ecoará sobre a eternidade.
Então, as futuras gerações crescerão num ambiente onde recearão perder aquilo que foi conquistado. E quando se teme perder algo, é porque se ama este algo. Quando o povo temer perder o Brasil, começará a dar valor ao Brasil e suas instituições. Então, uma nova sociedade irá nascer. E desta, novos políticos e uma nova agenda, desta vez inteiramente a favor do povo e da nossa autonomia enquanto civilização. Nossa luta nos daria um sentido de brasilidade e finalmente reconheceríamos o que é ser brasileiro e qual é o destino do Brasil entre o teatro das nações. Esse é o único caminho pelo qual podemos refundar o Brasil.
Você pode dizer: mas e os efeitos colaterais? E se nem tudo sair como o esperado?
Reconheço que uma revolta popular contra o Estado pode gerar todo tipo de consequência. Pode ser que o Brasil se divida em dois ou mais pequenos Estados. Pode ser que aconteça uma intervenção internacional. Pode ser que uma nova ditadura emerja. Pode ser que outros países invadam o Brasil. Pode acontecer muita coisa. Mas quando a gente tem um filho, não temos a mínima ideia de como ele irá crescer e como irá viver. Podemos parir um filho para ele virar um bandido, ou para virar uma pessoa de caráter muito bem-sucedida na vida. Com um país, não é diferente.
Precisamos fazer o parto de um novo Brasil. E isso exigirá sangue. Não posso prometer que tudo ficará bem, mas posso garantir uma coisa: nada será como antes. E só isso já deve ser motivo de sobra para a luta do povo contra o Estado brasileiro e todos os órgãos que sustentam este sistema, público ou privados. A esperança não pode morrer.
Ø E se ninguém fizer nada de radical e empurrarmos as coisas com a barriga?
Posso parecer pessimista, mas me considero apenas um realista. Se não houver uma luta unificada do povo contra o Estado brasileiro, em nome de uma reforma absoluta, o sistema vai se adaptar. Novos líderes vão surgir com novos discursos. Mas nada vai mudar de fato. Vai continuar a mesma coisa que é hoje. O Brasil vai continuar a ser o eterno “país do futuro”, que nunca chegará. Nossa mudança não é educacional e não é via palavras. O nosso povo só entende atitudes. E a única atitude que o povo entende, é a radical e violenta.
Nós TEMOS de viver esta briga. E não digo isso com desejo de carnificina, pois não é algo que nenhum ser humano normal deseja. Eu não estou olhando para a situação com olhos de curto prazo. Estou olhando secularmente para nosso problema e como resolve-lo efetivamente e absolutamente.
Se não fizermos a dura escolha, nossos filhos e netos crescerão num ambiente cada vez mais hostil ao aprendizado, mais rápido e portanto menos favorável a produção de conhecimento e isso afetará cognitivamente a sua concepção de nacionalidade e de brasilidade. O momento é agora. Provavelmente, um momento único em toda a nossa história.
Só uma revolução sangrenta liberta esse país desses mafiosos nada menos do que isso.
Essa revolução q libertaria o Brasil…o entregaria pra quem mesmo??? Pro “povo” num tipo de democracia direta suíça???
Matéria interessante, mas precisa de algumas correções gramaticais. Favor consertar o trecho “o governo dos EUA hoje tenta explorar a memória de Kine em apoio ao militarismo”.
É horrível mesmo. Mas vamos deixar bem claro que o PSOL e a família de Marielle, infelizmente, se deixaram instrumentalizar. A escolha por falar ao programa com exclusividade foi deles. E eles não sabiam que isso poderia acontecer? Ah, ok. Precisamos conhecer as implicações nas entrevistas que damos aos veículos da mídia comercial. Isso é pouco discutido. Trata-se de uma educação fundamental para todos. Vai atingir milhões falando para eles? Sim. Mas não há almoço grátis.
Bla bla bla ficou muito prolixo
Excelente matéria!
Glenn, suas análises boas como sempre, uma revisão ortográfica e gramatical do seu texto ajudá a deixá-lo mais inteligível.
Seu português tá melhorando muito! ;)
Glenn Greenwald, não assisti ao Fantástico, mas seu texto me faz lembrar de outros movimentos…
Você fala de narrativa que esconde vida política, sua radicalidade, suas ideias…
Fala de oligarquias que se sentem ameaçadas pelo ativismo político, pelos princípios de pessoas como Marielle…
Portanto, de um lado, ocultamento…
Dias atrás, li relato de entrevista com o comandante do Exército, acompanhado de oficiais de alto escalão…
Destaco um trecho aqui…
“[…]
“A candidatura de um militar à Presidência, ainda que um militar da reserva, como Jair Bolsonaro, constitui uma novidade no cenário brasileiro pós-redemocratização. Villas Bôas associa a força do ex-capitão a uma reação da sociedade brasileira (‘que é conservadora’, ressaltou) contra o que ele chama de ‘pensamento politicamente correto em suas várias vertentes’.
“O general tentou explicar melhor o fenômeno Bolsonaro. Sem que os auxiliares o interrompessem, engatou a tese de que a moral e os bons costumes são a arma da direita contra o avanço do que ele definiu genericamente como ‘ideologia’. ‘Temos visto um movimento muito grande relativo à ideologia de gênero, vimos a questão dos museus. São coisas que para a população são agressivas’, disse Villas Bôas, fazendo alusão à performance de um homem nu que foi tocado por uma criança acompanhada pela mãe, no Museu de Arte Moderna, em São Paulo. ‘A ideologia tem dificuldade de trabalhar com a realidade. A atuação ideológica não visa solucionar o problema, ela visa fortalecer esse componente ideológico.’
“Num só fôlego, o comandante passou a listar exemplos de causas que são prejudicadas pela ‘ideologia’ de movimentos que as defendem. ‘Quanto mais se implanta um pensamento de preocupação ambiental, mais nós temos tido danos ambientais e desmatamento. Porque não visa atingir resultados, visa sim fortalecer todo o sistema que opera essas ideologias.’
‘Villas Bôas avançou até a questão indígena. ‘Quanto mais indigenismo se tem no Brasil, mais os coitados dos índios estão abandonados. Porque os índios ficaram reféns desses slogans ideológicos e não conseguem expressar suas reais necessidades.’
“E chegou ao racismo: ‘A questão de preconceito racial – que é absolutamente pertinente, o preconceito é algo realmente odioso –, pela forma como tem sido conduzida, tem feito o Brasil deixar de ser um país de mestiços para passar a ser um país de brancos e pretos.’ Arrematou com Bolsonaro: ‘Então, quando surge alguém que se contrapõe a esse pensamento, com coragem e capacidade de expressar isso, ele consegue representar uma parte grande da sociedade, que se sente até acuada, imobilizada diante dessa pressão tão grande. Daí o crescimento de uma candidatura como a do Bolsonaro.’
“Villas Bôas considera que o ex-capitão tem uma aceitação ampla nas Forças Armadas e avalia que as chances dele dependem do surgimento ou não de um nome que una o centro – algo que, nas entrelinhas, o comandante parece acalentar.”
MAL-ESTAR NA CASERNA. INTERVENÇÃO NO RIO EXPÕE DIVERGÊNCIAS ENTRE GENERAIS E EMPURRA O EXÉRCITO PARA O CENTRO DO PROCESSO ELEITORAL, Fábio Victor, Revista Piaui/Uol, edição 138, março de 2018
http://piaui.folha.uol.com.br/materia/mal-estar-na-caserna/
Glenn Greenwal, não encontrei nenhuma análise sobre essa entrevista…
Talvez ainda exista medo de corporações que deveriam ser vistas como integrantes do funcionalismo público, mas não são…
Se você aponta ocultamento, o que vemos em entrevistas como essa?
Que grandes problemas de nossa sociedade NÃO SÃO racismo, desigualdades de renda, gênero… extermínio físico e cultural de povos indígeas… destruição do ambiente…, MAS, SIM, movimentos sociais, grupos, pessoas que denunciam e lutam contra tudo isso?
Agressiva é a arte… que incrível!
Poderiam ter falado de homofobia, feminicídio… mas não… escolheram outras coisas…
De um lado, ocultamento, de outro… não sei que palavra poderia usar… criminalização?
Uma ideia irmã daquela de que o bolsa-família é um problema, não uma sociedade que produz gente que precisa do bolsa-família…
Li editorial de jornal do interior do Brasil que reproduziu, sem saber, a ideia do general, aplicada ao caso de Marielle…
Uma ideia largamente disseminada no Brasil…
Numa expressão popular inteligente, é a cultura do “cala-a-boca…
E é por isso que escrevo aqui…
Considero que é preciso fazer com entrevistas de políticos, autoridades, o que você fez com o Fantástico…
PS: não vou tratar aqui dessa mania nacional de falar o que a sociedade é… Ninguém diz “eu penso isso e aquilo…”, “eu quero…”, “é de meu interesse…”, mas “a sociedade é…”, “a sociedade quer…”… Sim, a sociedade sempre aparece como um todo, uno, coeso, sem diferenças desigualdades… E já nos colocamos como seus porta-vozes… Há até quem diga que somos cristãos, e sempre me pergunto se lembram de que há um “s” ali… A população – assim, geral, como um todo… – acha exposições agressivas… Não, não eu… A população – da qual sou porta-voz, legítimo representante…
PS 2: no Brasil, quem tem ideologia são sempre os outros… E agora a moda é que é errado tomar posição…
PS 3: todo mundo sabe que nossos professores – assim, em geral, fazem lavagem cerebral em nossas crianças – e todos concordamos que deve haver uma intervenção, leis, a coisa não pode continuar assim, as escolas não pertencem a um partido… Escola Sem Partido, não é? As escolas não pertencem aos professores, são do Estado… A conversa vai bem, até nos lembrarmos que nossa corporação também tem escolas… Escolas que devem ser discutidas democraticamente são sempre as dos outros…
Meu comentário foi escrito rapidamente, por isso volto aqui para completá-lo…
Ainda sobre as ideias apresentadas por militares na entrevista que citei, da Revista Piauí…
É notável que funcionários públicos que ocupam importantes posições do Estado defendam ideias que vão na contra-mão de transformações que acontecem na sociedade e no Estado…
Se o Estado sempre foi marcado pela ideologia de gênero de igrejas – destacadamente a Católica, até pouco tempo atrás -, há importantes mudanças em curso, que contrariam essa ideologia, que é de predomínio heterossexual, masculino, branco…
Para não voltar muito, lembro da regulamentação do divórcio, décadas atrás – e as mulheres eram grandes prejudicadas antes disso…
Mais recentemente, de decisão em decisão no STF, o reconhecimento para uniões civis homoafetivas dos mesmos direitos que têm as uniões heteroafetivas, o que tem repercussões sobre divisão de bens em separações, heranças, pensões, planos de saúde…
Reconhecimento de que pessoas trans é que dizem quem são, qual seu gênero, elas escolhem seus nomes… Foram outras decisões importantes no STF…
O TSE e o STF têm agido no sentido de garantir para mulheres participação mais igualitária em partidos políticos e eleições… Mínimo de candidaturas de mulheres e de recursos do fundo partidário disponíveis para essas candidaturas…
A ideologia de gênero que vem sendo contestada no próprio Estado é tão forte que são necessárias decisões, leis para enfrentá-la… Se essa ideologia não existisse e resistisse, TSE e STF não discutiriam as questões que acabo de levantar…
Uma pausa, para chamar a atenção para outra ideia na contra-mão da transformação do Estado…
TSE, STF e outras instituições da República foram demandados por organizações, movimentos sociais, grupos organizados, associações científicas, conselhos profissionais, que foram ouvidos e não considerados como causadores de problemas, de divisões prejudiciais à sociedade…
É tudo muito distante do que lemos na matéria da Piauí…
Por fim, no caso de exposições, apresentações artísticas…, depois do grande barulho feito por grupos que têm propagado notícias falsas em redes sociais, houve várias ações do Ministério Público, instituição do Estado, que não deixam dúvidas…
Considero realmente notável que funcionários públicos de altos escalões, com condições de acessar informações de qualidade, condições para comprar livros, frequentar cinemas, museus…, defendam ideias que, A MEU VER, tanto sofrimento causam a muitas pessoas…
Uma instituição que determina exatamente o lugar das mulheres – que não é o do padre, nem o do bispo, nem o do cardeal, nem o do papa… portanto, excluídas do poder – acusa filósofos, sociólogos, psicólogos, políticos, gays, trans… de praticarem A IDEOLOGIA DE GÊNERO (?!)
“Função contramajoritária e reconhecimento da união homoafetiva: um debate”, Paulo Iotti, Justificando/Carta Capital, 10 de setembro de 2017
http://justificando.cartacapital.com.br/2017/09/10/funcao-contramajoritaria-e-reconhecimento-da-uniao-homoafetiva-um-debate/
“STF e TSE fazem História ao afirmar a Cidadania de Transexuais e Travestis”, Paulo Iotti, Justificando/Carta Capital, 02 de março de 2018
http://justificando.cartacapital.com.br/2018/03/02/stf-e-tse-fazem-historia-ao-afirmar-cidadania-de-transexuais-e-travestis/
“Passamos a ser gente”: decisão muda candidatura de trans nas eleições, Denise de Almeida e Juliana Simon, Uol, 02 de março de 2018
https://estilo.uol.com.br/noticias/redacao/2018/03/02/passamos-a-ser-gente-decisao-muda-candidatura-de-trans-nas-eleicoes.htm
“Justiça Eleitoral desenvolve ações para ampliar a participação da mulher na política. Tema foi abordado em julgamentos, campanhas, debates e eventos promovidos pelo TSE, site do TSE”, 08 de março de 2018
http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2018/Marco/justica-eleitoral-desenvolve-acoes-para-ampliar-a-participacao-da-mulher-na-politica
“STF determina piso de 30% do Fundo Partidário para campanhas de mulheres”, Felipe Amorim, Uol, 15 de março de 2018
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/03/15/stf-derruba-limite-de-uso-do-fundo-partidario-para-campanhas-de-mulheres.htm
“MPF descarta crime de pornografia infantil em caso de artista nu no MAM”, Uol, 22 de fevereiro de 2018
https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2018/02/22/mpf-arquiva-inquerito-de-pornografia-infantil-em-caso-de-artista-nu-no-mam.htm
Aqui, exemplos da destruição das famílias brasileiras…
“Em defesa da família”, Daniella Cronemberger, Brasil, 2016.
https://www.youtube.com/watch?v=L2LMRM1ZNTQ
“Casal homoafetivo planejava adotar uma criança mas acaba optando por três”, Glenn Greenwald, Juliana Gonçalves e Thiago Dezan, The Intercept Brasil, no YouTube em 06 de fevereiro de 2017
https://www.youtube.com/watch?v=0Hd2VaXVI_k
“Vestidas de noiva”, Fábia Fuzeti e Gabi Torrezani, Brasil, 2015
https://www.youtube.com/watch?v=B5lbwvyqb_A
Quem pode ser contra estas transformações na sociedade e no Estado?
Quem vai acusar de ideologia de gênero?
” ‘Sobrevivi’, diz vítima de operação da polícia de caça a travestis há 31 anos”, Fernanda Canofre e Cledivânia Pereira, Folha/Uol, 17 de janeiro de 2018
http://m.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/01/1951067-sobrevivi-diz-vitima-de-operacao-da-policia-de-caca-a-travestis-ha-31-anos.shtml
” ‘Perseguida por ser travesti, hoje, treino policiais para nos respeitarem’ “, Helena Bertho, Uol, 08 de fevereiro de 2018
https://estilo.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2018/02/08/fui-perseguida-por-ser-travesti-hoje-treino-policiais-para-nos-respeitar.htm
Explicando o Brasil para o estrangeiro: 1- REAL aqui é q passa na TV 2- a forma q a REALIDADE assume na TV é essencialmente a da NOVELA 3- a novela é um tipo de realidade fantasiosa e subalterna q todos assumem como sendo a realidade mesma (Os jornais descrevem o q acontece nos capítulos da novela como se fosse uma notícia qqr..do mundo.. real) 4- quando a novela começa perder audiência ela acaba ..e com ela acaba a “realidade “…. É começa outra.
Nada vai mudar nada aqui enquanto as maiorias sociais deste país, que vivem nas periferias, nos morros, nas favelas, nos alagados e palafitas desse gigantesco pais e que são as principais vítimas do eterno e atual estado de coisas, não ocuparem as instituições da representação política, não se apoderarem desses mecanismos de luta social. Essa é a grande ausência, esse é o grande poder sufocado, o rio subterrâneo de nossa história. Os partidos de esquerda já fizeram vários ensaios de aproximação ao longo da história, mas nunca uma união definitiva e estável se concretou. Já faz algum tempo também que as organizações sociais reclamam esse protagonismo. Não aproveitamos de maneira eficaz essa força num momento de avanço político, talvez agora, nesse momento terrível de maré montante, essa seja a única maneira de fazer frente ao regime de arbítrio e autoritarismo que já não consegue mais esconder seus métodos e objetivos.
Parabéns pelo comentário!
Bom texto mas falta uma revisão de português mais atenciosa.
Perfeito e direto ao ponto. A Globo tinha tudo pra ser como uma BBC, mas a covardia, o mau-caratismo e o fisiologismo não deixam.
A BBC é estatal né colega???? Então IMAGINA como seria aqui…