Há um ano, o Brasil assistiu a uma sangrenta guerra pelo comando do tráfico na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. O bando de Rogério 157 peitou os comandados de Nem, até então seu chefe e do comércio de drogas na região – mesmo preso. Ambos faziam parte da facção Amigos dos Amigos, a ADA, uma das mais tradicionais do Rio, com mais de 20 anos de atuação.
Para o Brasil, o episódio parecia apenas mais um capítulo da criminalidade carioca. Telejornais transmitiram ao vivo da favela, e os tiroteios ajudaram a justificar a Intervenção Federal na segurança pública do estado.
Agora, a disputa entre Rogério e Nem surge como parte de um contexto maior: o declínio e quase extinção da ADA.
É isso que mostra um levantamento exclusivo baseado em dados do Disque Denúncia e cruzado com informações da imprensa e novas entrevistas. A ADA passou do domínio de 19 favelas para apenas duas. Aquela que já foi a casa de Escadinha, Uê, Playboy, Bem-Te-Vi e Nem da Rocinha, hoje só tem um nome expressivo em seus quadros: Celsinho da Vila Vintém, que de fundador, passou a lobo solitário. Os outros pularam fora do barco após uma sucessão de traições e disputas.
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Que trabalho fantástico! Adorei.
Sabemos que os pobres traficantes são a base da pirâmide nessa máfica que controla as drogas neste país. A cúpula corrupta da PM é 3 vezes pior que eles juntos, pois ela é que tem o poder oficial do Estado. É traidora do país.
Lendo matérias como essa me dá uma vontade gigantesca de contribuir com a TIB, pena que alguns autores me impedem disso.
Parabéns pela excelente matéria, é bastante dinâmica e intuitiva. Recomendo matérias sobre facções fora do eixo rio-sp, como a família do norte, por exemplo. Visto que estão em um ponto estratégico com a fronteira e movimenta milhões anualmente.
Nosso senhor Jesus da goiabeira! Excelente trabalho! Parabéns.
Uma matéria muito explicativa sobre a derrocada da ADA.
Muito bom!
Não foi citado na matéria, mas a facção ADA está longe de ter um fim. A mesma já está se reestruturando e inclusive conseguiu reconquistar alguns territórios perdidos pelo grande rio, inclusive está novamente se expandindo. E ainda é a maior facção do norte do estado, com redutos muito fortes em Macaé e Campos.
Exato o ADA está longe do fim, está se reestruturando, é forte no norte fluminense e a Vintém é a favela mais fechada com o patrão q existe no rio, lá ninguém tira celsinho.
“Tá tudo dominado.”
O dinheiro do narcotráfico alimenta uma rede política neste País. Batalhões da PM se tornaram um balcão de negócios. A corrupção sangra esta nação. A alta cúpula da segurança não tem interesse em “bater de frente” pois o crime alimenta este esgoto social.
Estamos todos perdidos, são as facções que tem as chaves dos presídios. Se quiserem fazem explodir todo este sistema podre.
Uai. Tecnologia de primeira. Ficou top, com mapa e tudo. Essa o TIB marcou um golaço. Parabéns a todos.
Assino embaixo!
Parabéns pela apresentação. Mas sejamos sinceros, as lutas entre facções no Rio são apenas a superfície de todo o sistema criminoso nesse país. O que eu quero saber é quem traz a droga pra dentro do país? Quem deixa trazer? Quem são os políticos, militares, etc. envolvidos no trafico? Gente na favela, de bermuda e chinelo se matando é só espetáculo pro mundo ver. Quem fica com a grana grossa desse sistema? É inconcebível que em 2018, com toda a tecnologia de monitoramento que os governos possuem, não sejam capazes de desmantelar as redes criminosas por trás do desastre do Rio de Janeiro.
“É inconcebível que em 2018, com toda a tecnologia de monitoramento que os governos possuem, não sejam capazes de desmantelar as redes criminosas por trás do desastre do Rio de Janeiro.”
Sua resposta está na própria indagação: os governos são os verdadeiros donos do tráfico. E eles não vão se prender…
As disputas de território do crime organizado faz parte do cotidiano carioca e está tão intrinsecamente atrelada a cidade que nem é percebido como algo surreal, amedrontador e aterrecedor que é. Muitos morrem e viram estatística e ninguém conta a história por trás das mortes. Parabéns ao Intercept por trazer essas informações de forma tão clara e cativante!
The Intercept não decepciona, matéria fantástica. Parabéns.
Acabam de anunciar mais um episódio da guerra ao/entre o tráfico: descobrem um plano para matar Marcelo Freixo (13/12). Isto quer dizer (que fique claro aos que se fazem de maus intérpretes) que depois da morte de Marielle Franco, continua o empenho em exterminar os verdadeiros inimigos desta realidade suja exposta pela matéria acima.
Periga acontecer e jamais ficarmos sabendo qual foi o verdadeiro desafeto autor do crime: as facções, as milícias, o governo ou os três juntos.
Trabalho primoroso. Jornalismo com J maiúsculo, que prescinde de relatórios oficiais. Parabéns aos jornalistas envolvidos na apuração e edição.
Nossa! Que falta faz pro Brasil este tipo de informação! Meu muitíssimo obrigado!
Esta foi a mais pura aula de Realpolitik que eu já tive. A movimentação financeira assusta. A afirmação de que se trata de algo proporcional a uma multinacional, salvo apenas o fato de ser ilegal, nos dá a dimensão verdadeira da manutenção do sistema capitalista. Poderíamos dizer até, que a ilegalidade é mais um valor agregado ao produto, sem o qual os próprios agentes estatais não receberiam seu quinhão.
Tirando dados e informações, o que sobra é gente humilde, morta pelo caminho, enquanto todos os demais – do playboy consumidor ao juiz vendido que com certeza, existe – fazem suas fortunas.
Eu sempre achei que a fronteira entre a democracia e o totalitarismo fosse o crime organizado. Jamais as ditas forças progressistas levaram isto a sério, preferindo conviver com tal situação. ao menos enquanto a água não lhes batesse nas bundas vermelhas ou azuis.
É com isto que a sociedade tem de conviver sem jamais conseguir sequer sistematizar o que ocorre de fato na política nacional. Oh, sim! É política! A real política. Não a política de verdade, mas a forjada nas concepções e nas práticas do agentes que disputam o poder no país.
Moro em Itaquera, São Paulo. Tem um cemitério clandestino com mais de 300 corpos enterrados a meio quilômetro de minha residência. Faz parto do aparato do PCC. Todo mundo sabe. Todo mundo protela. Todo mundo dialoga com esta parcela da sociedade. E são tantos outros locais de desova pela cidade… Estão ali, os desaparecidos não-políticos que não interessam a ninguém. Sumiram durante o período “democrático”.
E hoje, tive de engolir uma matéria da Globo sobre o AI-5 e o fato de que hoje, o Brasil é um país livre.
Que matéria sensacional! Parabéns !