Em outubro de 1978, a Fiat do Brasil se via às vésperas da sua primeira greve. Os operários se organizavam em segredo por medo da repressão militar. Executivos italianos e brasileiros sentiam a eletricidade no chão de fábrica e se perguntavam o que tinha dado errado: anos antes, o governo militar brasileiro havia garantido que a empresa não teria problemas com paralisações.
Seis dias antes, o delegado Airton Reis de Carvalho enviou um ofício para o comando da Polícia Militar da cidade mineira de Betim, onde a empresa havia construído uma unidade. Ele já sabia o que estava por vir. No documento, Reis alertava que um trabalhador da empresa passava horas em frente à delegacia na tentativa de encontrar e libertar um operário preso, uma liderança que poderia reforçar a greve. “Realmente havia elementos da Fiat detidos”, explicou Reis no ofício. E finalizou: “Todas as providências tomadas por esta delegacia no caso específico são em comum acordo com o Sr. Coronel Joffre, da Segurança da Fiat Automóveis S/A”.
Ao longo de um ano, o Intercept buscou documentos na Itália e no Brasil e conversou com ex-funcionários da Fiat, sindicalistas e investigadores nos dois países para mostrar como a empresa italiana espionou funcionários brasileiros e colaborou com o sistema de repressão do governo militar em troca de informações sobre o movimento sindical. Documentos inéditos levantados junto ao Arquivo Público Mineiro indicam conversas entre o aparato repressor do Estado e uma gigantesca estrutura interna e secreta de espionagem, comandada por um coronel da reserva do Exército dentro da montadora.
Foi graças a ela que a Fiat enfraqueceu o movimento grevista e manteve sua fábrica em funcionamento: a planta da montadora italiana na América do Sul se tornaria sua mais bem-sucedida empreitada no exterior. Hoje, a Fiat do Brasil produz mais carros da marca do que qualquer país além da Itália e, por 11 anos, foi a líder de vendas no Brasil – perdeu o topo em 2017 e agora é a terceira montadora de automóveis mais popular no país. Mas, há 40 anos, quando a empresa estava crescendo sua operação fora da Europa, a turbulência estava no horizonte.
A Fiat usava o setor para monitorar operários até mesmo fora da fábrica e, de acordo com esses papéis, permitia a infiltração – na empresa e nas reuniões sindicais – de agentes do Departamento de Ordem Política e Social, o Dops – órgão de prevenção e repressão daquilo que a ditadura considerava delitos político-sociais. O Dops era responsável por tortura e mortes desde os anos 50.
A empresa disse que não tem memória dos fatos e preferiu não se pronunciar.
A primeira greve foi um teste para os diretores da unidade e também para as autoridades. O movimento sindical mostrou que o controle dos mais de 5 mil operários não seria tão simples como prometido pelo então governador de Minas, Rondon Pacheco.
Durante as negociações para trazer a marca italiana, Pacheco havia garantido uma mão de obra pacata e de “jovens despolitizados”, de baixa escolaridade, sem cultura sindical e vindos em grande parte da zona rural. Os italianos acreditaram e desembarcaram no Brasil com a ajuda dos militares dois anos antes da greve. A Fiat ganhou incentivos fiscais e um terreno de 2 milhões de metros quadrados. O governo também bancou rede elétrica, asfalto, esgoto, linhas telefônicas, Telex e ligação com a estrada BH-SP.
O contrato previa uma sociedade mista: a Fiat teria 50,1% da fábrica – governo de Minas ficaria com o resto, mas indicaria o presidente da empresa. No dia em que o acordo foi assinado, o presidente mundial da Fiat, Giovanni Agnelli, disse em entrevista coletiva ter escolhido o Brasil pela “tranquilidade social e política que o país vivia naquela época”. Para a Fiat, o golpe de 1964 era uma “revolução”. Em documento de 25 de julho de 1974, a montadora apontava a política e a desigualdade social como possíveis freios à economia. Porém, dizia, se não ocorressem mudanças violentas no equilíbrio político, o país continuaria a crescer.
‘Em meio aos choques entre empregados e a companhia, a Fiat decidiu jogar pesado.’
Para pôr a fábrica em funcionamento com sua ambiciosa meta de produzir 190 mil veículos por ano, a Fiat precisou trazer metalúrgicos italianos e ferramenteiros experientes de Santa Catarina e São Paulo, onde o movimento sindical fervilhava.
Os forasteiros foram a centelha do movimento grevista de 1978, reivindicando não só maiores salários, mas também a permissão para criar uma comissão de representantes dos operários junto à empresa e sobretudo redução na velocidade das linhas de produção – a Fiat acelerava as máquinas de forma progressiva ao longo da jornada de trabalho, levando os operários à exaustão.
A primeira greve terminou depois de cinco dias com um acordo assinado pelo sindicato, em uma assembleia que contou com apenas algumas dezenas de pessoas. A empresa havia concedido somente parte das promessas, o que manteve a tensão elevada e levaria a uma nova greve no ano seguinte. Para estancar novas paralisações, a Fiat decidiu jogar pesado, e um funcionário ganhou importância que perduraria por muitos anos: o coronel Joffre Mario Klein.
O militar da reserva, que entrou na empresa ainda antes da inauguração, tinha a missão de comandar o aparelho interno de repressão – uma estrutura criada e mantida pela própria Fiat, da qual os funcionários da fábrica nada sabiam, batizada como Segurança e Informações. O objetivo da divisão, que operava de modo clandestino, era fichar funcionários e negociar seus destinos com a ditadura.
Indicado pelo Serviço Nacional de Informações, o SNI, núcleo central da espionagem do governo federal à época, Klein se tornou amigo pessoal de Adolfo Martins da Costa, primeiro presidente da Fiat no Brasil. “Ninguém era contratado sem meu marido saber”, conta Maria Antonieta Klein, viúva de Joffre, morto em 2008. Ela conversou com a reportagem em duas ocasiões, uma em junho de 2017, em sua casa, outra em outubro, por telefone.
Na descrição da viúva, Klein era um homem “sério e meticuloso”. Para os operários da Fiat ouvidos pela reportagem, ele era “uma pedra”. “Bigode bem aparado, cabelo grisalho penteado pra trás, magro e sempre com roupa impecável. Não sabíamos quem ele era, mas parecia ser de alta patente militar. Era temido pelos operários, a quem raramente dirigia a palavra”, lembra Edmundo Vieira, que foi presidente do sindicato dos metalúrgicos nos anos 80.
Maria Antonieta se recorda de ao menos uma viagem do marido à sede da empresa em Turim, na Itália. Uma ex-funcionária da área de Recursos Humanos confirmou a história, sob a condição de anonimato, e disse mais: que foram várias as viagens de Klein a Turim.
O coronel foi para a Europa para aprender. A unidade brasileira da montadora deveria seguir o padrão de espionagem adotado na matriz durante os anos de chumbo italianos, de acordo com um segundo pacote de documentos, analisados pela reportagem em visitas aos arquivos oficiais da sede da empresa em Turim, e ao Tribunal de Nápoles, ambos na Itália. A missão de Klein era entender como a máquina de espionagem da Fiat funcionava e replicar as técnicas em Minas. A espionagem em território italiano foi exposta nos anos 1970 e levou responsáveis à condenação nos tribunais. Mas, no Brasil, os detalhes do aparato de vigilância seguia oculto – até agora.
A Fiat espionava seus funcionários na Itália havia muitos anos, país onde o Partido Comunista e o movimento sindical eram muito fortes. Para antecipar os passos dos operários, a empresa montava dossiês. No início dos anos 70, Raffaele Guariniello, ex-procurador de Turim, encontrou um arquivo com 354 mil fichas pessoais, todas armazenadas no antigo prédio da empresa, no centro de Turim. Ocupavam um andar inteiro. “O esquema de espionagem, corrupção e colaboração que envolvia policiais, juízes e ex-militares, havia sido idealizado por um ex-militar pertencente ao serviço secreto italiano, homem de confiança de Agnelli”, disse Guariniello, em entrevista na pomposa e silenciosa biblioteca do Senado, em Roma.
Depois de voltar da Itália, Klein aplicou o método no Brasil. O coronel montou, por exemplo, um aparato de escuta das conversas do único telefone público instalado no pátio da empresa. Adriano Sandri, italiano que trabalhava na Fiat no Brasil, contou, em carta escrita ao amigo e sindicalista italiano Antonio Buzzigoli, que os telefones eram controlados e que o chefe da vigilância guardava todos os rolos de registros com as ligações do sindicato para identificar lideranças e minar ações. A ex-funcionária do RH da Fiat que conversou com a reportagem confirmou que as conversas eram monitoradas. Não se sabe o destino dos rolos.
Na estrutura do coronel Klein, existia um cargo específico destinado a “investigações” entre as posições administrativas da empresa, de acordo com um documento chamado “Estatísticas, posições e salários”, de novembro de 1980, encontrado no arquivo histórico da montadora em Turim. O organograma indica que quatro pessoas estavam sob o comando direto de Klein. Este mesmo documento mostra a impressionante extensão do aparato: 141 pessoas respondiam ao chefe de vigilância da Fiat, Mauricio Neves, número dois na hierarquia da segurança, braço direito de Klein. Eram 145 espiões.
Outra tática era a de dar aos funcionários a possibilidade de indicar novas contratações. E, quem indicasse, se tornaria corresponsável pelo novo colega. Uma espécie de vigilância compartilhada sob o pretexto de tornar o ambiente mais familiar. E claro: a sindicalização seria o fim da possibilidade de qualquer promoção profissional.
As retaliações aos operários seguiam um padrão. Os identificados como perigosos eram presos sob qualquer pretexto, geralmente acusados de furto de peças e ferramentas e, posteriormente, demitidos por justa causa. Um caso emblemático foi a perseguição sofrida por Ézio Sena Cardoso. Quando entrou na Fiat, em outubro de 1976, Cardoso já acumulava 14 anos de experiência como técnico em eletrônica em outras empresas. Na Fiat, entrou como mecânico de manutenção elétrica de máquinas especializadas.
“Chegava e parava um trabalhador e falava: ‘Você está preso’. E punha o cara dentro do carro e levava para o galpão da vigilância. Chegava lá e tinha esse coronel.”
Militante político, Cardoso já havia sido preso quatro vezes. A primeira delas aos 17 anos, em uma manifestação na porta da Mannesmann, empresa na qual sequer trabalhava. Na Fiat, atuou na mobilização de funcionários, embora, por divergências políticas, diz, nunca tenha integrado a diretoria do sindicato.
Ele foi um dos funcionários que estiveram na sala do coronel Klein. O ex-operário nos descreveu a cena na qual, segundo ele, Klein lhe fez uma proposta: passar um ano em “intercâmbio profissional” na Alemanha em troca de “esquecer esse assunto de sindicato”. Ele disse não.
Dias depois, chamado mais uma vez à sala de segurança, foi demitido por justa causa. Acusação: autoria de cartazes apócrifos contra a empresa. Cardoso negou o fato até conseguir que seu advogado pedisse ao juiz um exame grafotécnico para atestar a autoria dos folhetos. O resultado da perícia foi conclusivo: a letra não era dele. “Alguém de dentro da Fiat copiou sua letra de documentos de trabalho e forjou os cartazes”, diz o advogado Márcio Augusto Santiago. Cardoso não foi readmitido, mas ganhou uma indenização.
Michel Le Ven é um padre francês que vive hoje na região metropolitana de Belo Horizonte e sofre de uma doença degenerativa. Ele foi um dos três religiosos de seu país presos pela ditadura brasileira ainda em 1968, anos antes das greves na Fiat. Os militares estavam de olho em Le Ven por causa de seu interesse no movimento operário.
Anos mais tarde, solto, Le Ven investigou o ambiente de trabalho durante a ditadura. Em sua pesquisa pela Universidade de São Paulo, que resultou em uma tese de doutorado defendida em 1988, mas nunca publicada, ele colheu depoimentos anônimos de operários da montadora. O Intercept obteve a tese inédita junto à sua família. “É um sistema militar com hierarquia e tudo. Comandado por um coronel e um tenente. É completamente repressivo. Na saída da fábrica, o trabalhador é humilhantemente revistado como se fosse um marginal da pior espécie. Caso ele proteste contra isso, é ameaçado e seu registro anotado pela segurança”, disse uma das fontes ao pesquisador.
Outro depoimento que consta na tese, também anônimo, fala sobre a sala de vigilância. “Tinha na Fiat um local para prender o cara dentro da fábrica. Igual se estivesse na rua. Chegava e parava um trabalhador e falava: ‘Você está preso’. E punha o cara dentro do carro e levava para o galpão da vigilância. Chegava lá e tinha esse coronel. Era um carrasco”.
Os mais temidos, no entanto, eram os funcionários de macacões impecáveis.
As informações chegavam ao centro de segurança da Fiat por dois caminhos: além dos infiltrados, havia também os agentes duplos. Eram aqueles operários que chegavam à sala da segurança da Fiat como suspeitos de subversão e saíam dela com a promessa de promoção ou estabilidade profissional, desde que delatassem os colegas. Fingiam-se aliados do sindicalistas, passavam informações irrelevantes aos colegas de trabalho, mas na verdade espionavam para o coronel. Os mais temidos, no entanto, não eram os colegas conhecidos mas convertidos. Eram os funcionários de macacões impecáveis.
Eles não tinham amigos, não se relacionavam com os funcionários comuns. Suas roupas não tinham sequer uma mancha de óleo. Era como se jamais tivessem trabalhado na vida. Eram agentes do Dops travestidos de operários.
Eles circulavam uniformizados pela empresa colhendo informações entre os funcionários e em reuniões do sindicato – dentro ou fora da fábrica. No começo, passaram despercebidos. Aos poucos, começaram a ser descobertos pela peonada. “Eles andavam em duplas, com o uniforme verde do controle de qualidade, que tinha acesso livre à fábrica inteira. Mas os próprios funcionários do controle de qualidade não sabiam quem eram. E aquele uniforme sempre limpo e impecável era estranho…”, conta Antônio Luiz Vasco, que entrou para a Fiat em 1978.
‘Sem notícias do operário durante sua detenção ilegal, a mãe de Onofre ia à porta da fábrica para saber se alguém tinha informação sobre filho.’
Um dia, Vasco e outros dois colegas resolveram desmascarar um grupo de agentes infiltrados que estava na porta do refeitório. “Chegamos sorrateiramente por trás e gritamos ‘sentido!’, e eles imediatamente bateram continência. Depois disso, nunca mais apareceram na fábrica”, contou, rindo ao telefone .
Vasco conta que, depois do episódio, ele e o colega José Onofre de Souza estavam sentados no pátio quando foram chamados a “prestar depoimento” na sala de segurança. “Era uma sala normal, de escritório. Faziam nossa foto, colhiam nosso depoimento, como se fosse uma delegacia”, conta Onofre, um homem alto e forte, de fala firme e empostada, em uma casa sem acabamentos em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, onde mora de favor num imóvel da irmã. A dupla saiu da salinha, e, pouco depois, agentes entraram na fábrica e sumiram com Onofre. “Me levaram pra Lagoinha”.
Era o bairro da Lagoinha, onde existia, desde os anos 50, uma carceragem para presos provisórios. Durante a ditadura, muitos detidos ficavam dias encarcerados sem serem fichados. Eram os desaparecidos políticos. O lugar tinha os apelidos de ‘Depósito de presos’ e ‘Inferno da Lagoinha’. “Fiquei lá uns dois ou três dias”, relembra Onofre. “Não me interrogaram, não fizeram ficha, nem nada. Não me bateram, mas também não me trataram bem”.
Sem notícias do operário durante sua detenção ilegal, a mãe de Onofre ia à porta da fábrica para saber se alguém tinha informação do filho. “A gente perguntava pros chefes onde ele estava e diziam que ele tinha sido demitido por ter sido pego roubando. Mas todo mundo sabia que era mentira”, contou Vasco, lembrando a mãe.
A Fiat também acompanhava reuniões dos trabalhadores. A reportagem encontrou um documento em papel timbrado da empresa que comprova o monitoramento de pelo menos um encontro do movimento sindical. No papel, há o relato de uma reunião fechada de trabalhadores de várias categorias realizada no Colégio Santa Maria Rita, em Belo Horizonte. Entre os cerca de 50 presentes, segundo o documento, estava um ex-funcionário da Fiat identificado como Enilton Simões. “A presença do ex-funcionário da Fiat foi bem recebida pela cúpula da assembleia, que imediatamente o indicou para fazer parte da comissão ali formada”, relata o documento.
Em seguida, o documento conta que Simões falou aos presentes e perguntou se havia algum funcionário da Fiat que pudesse relatar como a PM agia dentro da fábrica. “Fazendo uso da palavra, o referido Sr. em nome do sindicato de Betim declarou o seguinte. Que se houvesse ali algum representante dos operários da Fiat que se manifestasse para relatar o procedimento dos policiais no Interior da Fábrica para com os empregados da mesma”, diz o documento datado de 19 de abril de 1979.
O relato foi encontrado pela reportagem em meio a papéis microfilmados que hoje estão abrigados no Arquivo Público Mineiro. O material faz parte de um pacote de 97 rolos de microfilmes da Coordenação Geral de Segurança, a Coseg, o órgão extinto da Polícia Civil de Minas Gerais que recebeu documentos do Dops-MG.
Depois de algum tempo em funcionamento, o aparelho de vigilância no Brasil agradou a matriz. Anos mais tarde, o presidente mundial da Fiat, Giovanni Agnelli, voltou ao Brasil e rasgou elogios ao coronel Joffre Mario Klein.
A espionagem da Fiat no Brasil era silenciada e não virava notícia na imprensa nacional, mas foi denunciada nos jornais italianos. Sentado na cozinha de seu apartamento em Turim, o ex-sindicalista Antonio Buzzigoli recebeu nossa reportagem durante um café que durou uma manhã inteira. Ele acompanhou o caso nos anos 1970. “Eu estive no Rio de Janeiro e em Betim entre 26 de setembro e 4 de outubro de 1979 para acompanhar as movimentações grevistas e as condições em que a Fiat operava no Brasil”, disse o ex-representante da Federação dos Metalúrgicos da Itália.
Depois de voltar à Itália, Buzzigoli publicou um relatório em que denunciava a existência de uma “polícia interna armada” na fábrica. O grupo seria composto por pessoas treinadas por “um italiano e depois por um brasileiro”, cuja função era fazer pressão psicológica nos operários. Esses agentes controlavam tudo: “os banheiros, as privadas, os refeitórios, e giravam o dia inteiro dentro das repartições”, disse. O documento ainda citava a regularidade com que a Polícia Militar entrava na fábrica. Na época, Buzzigoli deu entrevistas a jornais italianos sobre o que havia visto. Mas as denúncias não repercutiram no Brasil.
Já Carlo C. foi considerado “subversivo” por seu passado no Partido Comunista Italiano.
Na Itália, a empresa foi levada aos tribunais depois da investigação do procurador Raffaele Guariniello. Na tentativa para abafar o caso, a Fiat conseguiu transferir o processo a Nápoles, no sul do país, onde os casos tinham notoriamente mais chance de serem “ajustados” – os tribunais eram intoxicados de funcionários corruptos por causa da infiltração mafiosa. Ainda assim, foram condenados por corrupção e violação de sigilo todos os envolvidos no caso: trinta e seis pessoas, incluindo cinco executivos da Fiat e um chefe sênior da sede da polícia local. Menos Agnelli, o presidente da empresa. Ele não foi sequer denunciado e, portanto, não respondeu pela espionagem na empresa que comandava. Ninguém foi preso porque os crimes prescreveram.
Após a conclusão do caso, o arquivo italiano que mantinha os papéis do processo pediu que a empresa pegasse de volta as 150 mil fichas que haviam sido levadas pela acusação, metade do acervo original – a justificativa foi a falta de espaço. Hoje, não se sabe onde todas elas foram parar, o que impossibilita a produção de novas provas contra a empresa no mundo todo. O Intercept esteve no arquivo do tribunal de Nápoles e teve acesso ao processo italiano. Lá, encontrou algumas fichas extraviadas entre os documentos.
Os papéis revelam a profundidade da espionagem da empresa sobre os próprios funcionários. Descritas como “notas informativas”, as fichas mostravam a situação familiar, econômica, os precedentes penais e políticos, a orientação política e a reputação em público – inclusive de familiares ligados diretamente aos investigados. Uma das fichas encontradas foi a de Salvatore B.: “solteiro, apolítico, vive de aluguel em um modesto apartamento com a irmã também solteira, operária, apolítica, de boa conduta moral e cívica”. Salvatore foi considerado “idôneo” para trabalhar na fábrica de Turim.
Já Carlo C., apesar de não ter passagem polícia, “ter boa conduta moral e cívica”, foi considerado “subversivo” por seu passado no Partido Comunista Italiano, o PCI. A investigação sobre C. foi extensa – duas páginas que descreviam sua vida: desde a frequência na igreja aos anos de estudo na universidade até a entrada no PCI. A nota descreve também a participação do pai no partido Democracia Cristã, assim como a mãe e irmã, inscritas na Ação Católica.
‘Se suspeita que trabalhe na prostituição.’
As fichas sobre as operárias refletem a cultura machista italiana da época. A Angela O., os investigadores não pouparam ofensas. Sua vida foi invadida por agentes da Fiat que narravam como ela havia sido despejada duas vezes de casa por falta de pagamento do aluguel, que atualmente morava em um pequeno apartamento com a mãe e dois filhos, sendo que um deles possuía um grave problema de saúde. A nota segue dizendo que “a interessada (Angela) há mais de um ano tem uma relação com um tipo falido e ex-detento. Que deixou muito a desejar na questão moral, visto que os filhos são de pais diferentes e que teve uma relação com um cidadão alemão procurado pela Interpol”.
As notas prosseguem detalhando vários momentos de sua vida. “Que trabalhou como caixa e que por um período foi vista rodando pelas ruas de Milão por motivos pouco claros. Há tempos não trabalha, conduz uma vida duvidosa chegando tarde em casa.” A este ponto, os investigadores já tiram suas conclusões. “Se suspeita que trabalhe na prostituição”.
Durante a produção desta reportagem, não conseguimos descobrir se a Fiat Brasil fichou meticulosamente operários como a matriz fez na Itália. Caso sim, resta saber o destino desses arquivos de espionagem privada. Talvez eles tenham sido queimados – como foram muitos documentos do período.
A Fiat do Brasil foi procurada pelo Intercept duas vezes. Na primeira, em abril de 2018, ela limitou-se a dizer: “Consultamos várias fontes da empresa, mas realmente não há memória de tais fatos. Por esta razão a empresa prefere não se pronunciar.” Nós voltamos a contactar a Fiat Brasil em fevereiro deste ano, e a resposta foi a mesma. Mesmo tendo recebido perguntas detalhadas sobre nossa investigação, se recusou a disponibilizar funcionários para entrevistas. Já a Fiat italiana disse: “Pelo lado brasileiro, os colegas brasileiros vão responder a vocês, já que sei que vocês já estão em contato. Em relação às questões relativas à Itália, não temos comentários a fazer porque são coisas bem conhecidas que já foram relatadas nos jornais em muitas ocasiões nas últimas décadas e sobre as quais livros também foram escritos.”
Correção: 6 de maio 17:20
O nome do advogado Márcio Augusto Santiago, veiculado anteriormente como “Santiago Lélis” foi corrigido.
Tenho algumas i formações q gostaria de compartilhar sobre este tipo de tratamento nas multinacionais japonesas
Essa é uma das histórias que a reportagem conta. A região foi escolhida pela fábrica pela facilidade logística, incentivos fiscais e oferta de mão de obra de uma região ainda desindustrializada e sem cultura sindical. O primeiro presidente do sindicato foi inclusive escolhido pela própria Fiat e era alguém sem nenhuma experiência em luta trabalhista ou em trabalho fabril. Foram os profissionais experientes que vieram de fora para rodar a fábrica que trouxeram o conceito de organização e luta operária, que se organizou à margem da primeira estrutura sindical que a Fiat controlava. Por isso a empresa endureceu seus mecanismos internos de espionagem e controle.
“Durante as negociações para trazer a marca italiana, Pacheco havia garantido uma mão de obra pacata e de “jovens despolitizados”, de baixa escolaridade, sem cultura sindical e vindos em grande parte da zona rural.”
Essa é uma frase inventada pelos articulistas com o objetivo de desqualificar e demonizar os administradores públicos à época do governo militar. Considerando que eles se negam a fornecer as fontes que venho pedindo essa é uma conclusão razoável e racional.
Fonte 9 volts serve?
Um folheto produzido pelo Instituto Nacional do Desenvolvimento Industrial (INDI) para atrair o interesse de empresas estrangeiras assim apresentava os trabalhadores mineiros: ˜Muitos mineiros são altos, delgados, esbeltos e de pele clara, mas não existem barreiras de cor em Minas, nem em mito nem em fato. Homens e mulheres de todas as nações e de todas as raças são recebidos abertamente em Minas. Encontra-se também uma ausência de consciência de classe e esta atitude está combinada com o senso democrático de que todos os homens são iguais˜.
Ora, Pedro. Essa informação não desqualifica os mineiros. A que está no texto relata que Pacheco define os mineiros como uma manada de idiotas úteis. A manada que a esquerda produz e precisa. Não as empresas com a tecnologia que empregam. A ânsia de demonizar a direita é tamanha que vocês inventam fatos que sequer poderiam acontecer porque seriam contraproducentes – o Pacheco foi tão burro assim a ponto de dizer algo negativo, contrário ao investimento pretendido?
Se a frase do texto não existiu porque você não atualiza? Repare que a devoção dos seus seguidores é incondicional, so…
Desculpa Pedro, pensei que fosse o Pedro Grossi um dos articulistas.
Hahahaha.
Lapso? Ou não tomou remédio hoje?
A Fiat foi um divisor de água na industrialização de Minas Gerais. Betim tinha 37 mil habitantes (64% na área rural). Sem infraestrutura local a industrialização começou do zero. Em 2010, com mais de 300 mil habitantes, seu PIB foi de R$ 11 bilhões e Betim era então o 2º maior município de Minas.
“Quando a Fiat chegou em Betim não havia nada. Foram investidos anos em treinamento, com muitos funcionários enviados para Itália e Argentina. Até então, o forte da economia de Minas Gerais era o aço, oriundo da mineração. Mas esse não tinha o valor agregado que um produto como um automóvel. A Fiat levou desenvolvimento industrial, tecnológico e profissional para o Estado.”
Em julho de 2016 a Fiat paralisou sua produção. Parada técnica para ajustar sua produção à queda da demanda. Três meses antes havia desativado três das suas quatro linhas de montagem e, seis meses antes havia dado férias coletivas. Todos se esforçando para enfrentar a recessão provocada pelo governo petista.
Mas a Fiat continua sendo a maior fábrica de veículos da América Latina, podendo produzir cerca de 800 mil veículos por ano. Seu polo em Betim deverá receber nos próximos quatro anos R$ 7 bilhões em novos investimentos para sorte dos mineiros.
Isso não é uma maravilha? De fato é, mas o que conta é a podridão que há por trás desses investimentos. Não tô falando dessa frescura de espiões de araque espionando sindicalistas comunistas. Isso é fichinha, é frescura de quem não tem o que fazer. O real problema está na negociata desses investimentos e incentivos. Por exemplo:
Renault (S.J.Pinhais-PR) – R$ 1 bilhão (investmnt) – R$ 353 milhões (incentivos)
GM (Gravataí-RS) – R$ 600 milhões (investmnt) – R$ 759 milhões (incentivos)
Mercedes (Juiz de Fora-MG) – R$ 695 milhões (investmnt) – R$ 690 milhões (incentivos)
FIAT (Goiana-PE) – R$ 4 bilhões (investimento) – R$ 5,8 bilhões (incentivos)
A Fiat de Pernambuco é um projeto que o Lula cuidou e viabilizou com todo carinho antes de se despedir do seu governo. Segundo os jornais a Fiat levantou R$ 5,8 bilhões em fontes públicas – Sudene, Banco do Nordeste e BNDES, para um investimento de R$ 4 bilhões.
Uai sô! Pra onde foi o 1,8 bilhão levantado a mais??? Quem quiser saber vai ter que perguntar pro Lula, ou pra Da. Dilma… Afinal o investimento assinado pelo presidento Lula e pela Fiat foi jogado no colo da presidenta Dilma.
Alguém tá se irritando com esse dinheirão? Pois dizem as más línguas que entre esses mesmos personagens o dinheirão é muito maior que esse. Vejam o que diz o UOL:
“Considerando somente o EcoSport mais barato fabricado em Camaçari, vendido no Brasil por cerca de R$ 54 mil, a Ford paga perto de R$ 16 mil em impostos, mas acumula R$ 15,6 mil em créditos tributários de IPI e ICMS — ou seja, na prática quase não paga impostos pelos carros que produz na Bahia…”
Em APENAS UM ANO a Ford “economizou” R$ 548 milhões só na venda do EcoSport. Multiplica isso por todos os modelos e por todas as montadoras com benefícios fiscais e por todos os anos e vocês vão ver que dinheirão. Agora raciocinem. Vocês acham que todo esse dinheirão fica na montadora? Se fosse pra ficar lá, não seria dado. Então tá onde? Uai sô! Só pode estar com a netinha da candidata ao senado do PSL que resolveu montar um enorme, mas bota enorme nisso, laranjal para o Presidente Capitão Jair Bolsonaro.
Meus parabéns Demori por mais essa extraordinária e irrepreensível denúncia contra o capitalismo. Espero ter reforçado suas intenções.
Pra quem não sabe, uai é uai, uai.
Mamma mia, acabei de comprar um Fiat, depois de proclamar q não compro mais carro da WW, nem da Ford, pq entregaram operários para a tortura nos tempos da ditadura.
É ossso.
“Durante as negociações para trazer a marca italiana, Pacheco havia garantido uma mão de obra pacata e de “jovens despolitizados”, de baixa escolaridade, sem cultura sindical e vindos em grande parte da zona rural.”
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Fontes, por favor.
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A política de responsabilizar os funcionários pelas indicações persiste até hoje. Conheço diversas pessoas que trabalham na FIAT e contam que, se indicam alguém para um emprego, ficam eternamente responsáveis por qualquer “problema” que o indicado venha a causar no futuro. É a conhecida prática da Cosa Nostra, que a FIAT parece não querer abandonar.
Muito bom ler isso. Parabéns!!! Tou de cara com a matéria.
Caramba!
Moro em Betim e meu pai trabalhou anos na FIAT durante a década de 90 e 00, não imaginava que tudo isso ocorria dentro da fábrica e durante a ditadura.
Realmente! Anos de chumbo.
Parabéns pela matéria! É muito bom ler um texto isento dos vícios de linguagem persuasiva tão comum das revistas semanais que são dependentes de anúncios governamentais e propagandas de empresas como a citada na reportagem. Os textos da The Intercept lembram a antiga Realidade, uma investigação séria, que respeita a nossa capacidade crítica. Precisamos de mais matérias assim sobre o período ditatorial brasileiro, para desmistificar esse ideia de que aqui a ditadura foi “branda”.
É assim mesmo. No meu primeiro estágio, um grande branco de investimento para milionários, “private equity management” como chamam no mercado, dois homens bem vestidos visitaram minha casa e fizeram algumas questões ao meu pai, para saber se eu morava ali, se estudava onde dizia. Não sei até onde vai o dossier pessoal, mas se fizeram isso, certeza que deviam tudo da minha família. Enfim, os poderosos são intocáveis, correto?
Branco = banco
Deviam = sabiam
Corretor automático. ;)
Jornalismo investigativo de altíssima qualidade. Parabéns!
O sistema de espionagem funciona até hoje. Os REPOS (Responsáveis por Oficinas) são as pessoas com atribuições de fazer o trabalho de identificar os potenciais lideres e abafá-los. O sistema é bastante eficiente sob o comando do Adauto Duarte, ex-REPO e atual Diretor de Relações Industriais da empresa. Ele é advogado e especializado em Direito do Trabalho. A engrenagem da FIAT funciona tanto dentro da empresa quanto no núcleo familiar. Os REPOS tem acesso a absolutamente tudo como data de casamento, data de aniversários dos filhos e esposa, e utilizam-se dos meios mais sórdidos para coibir qualquer manifestação dentro da empresa. Investiguem mais e descobrirão o sistema de espionagem funcionando até hoje.
Parabéns pela reportagem, boa apuração e bom texto.
Parabéns pela matéria pessoal. Espero que vocês ganhem um prêmio de jornalismo pela pesquisa e pelo material apresentado. Quanto aos casos de colaboração com a ditadura, lembremos que em São Paulo, na Ford, senão me engano, também houveram os mesmos procedimentos de repressão. E na Ford da Argentina também. Só que lá, os militares e civis envolvidos foram presos. Aqui…
?Excelente trabalho !
?A qualidade das reportagens do Intercept demonstra como a imprensa brasileira é dócil.
Impecável… parabéns…
Linda matéria. Jornalismo investigativo de primeira.
Matéria impecável. Jornalismo fino. Desmascarando o modus operandi desta empresa durante esse periodo que é idolatrado por um certo público. E há quem diga que essa época foi boa para o país.
O mesmíssimo modus operandi da VW Ford, GM e de outras montadoras européias e estadunidenses com fábricas no Brasil. Assim como a FIAT, a VW já foi desmascarada. Resta saber seio Intercept mobilizará seus repórteres para desnudar também as montadoras cuja sede fica no país em que nasceram os patrocinadores e diretores deste portal, ou seja, os EUA.
Quem sustenta o intercept Brazil e EUA são os próprios assinantes. Sem indireta anti ética, por favor.
Bravissimi!
Maravilhosa pesquisa. Seria esta prática de espionar funcionários uma atividade protocolar em grandes empresas no Brasil???
Claro, da forma como o TIB revelou, isto só poderia ocorrer em regimes totalitários, certo? Ainda bem que estamos numa democracia… OLo
Taí! Seria um excelente termômetro do aprofundamento de nossas instituições pós-Constituição Democrática.
Estudos excelentes como este poderiam provar o quanto convivemos com estruturas autoritárias durante o período interditatorial (1985-2018).
Que as estruturas de opressão de Estado se mantiveram intactas, não há dúvidas, embora estas tenham sido direcionadas para o controle dos mais pobres. Mas, a clandestinidade? A ABIN parece bem uma espécie de neo-DOPS. Já o chamado Escritório do Crime, destinado a limar desafetos políticos expressa bem a continuidade do paralelismo institucional. Isto permaneceu também sobre a luta sindical? Em que nível?
Um vespeiro e tanto que vocês do TIB estão cutucando.
Só me faz admirar ainda mais os trabalhos destes jornalistas.
Trabalho primoroso de jornalismo. Essa época da nossa história precisa ser esmiuçada ao máximo para que saibamos identificar acaso comecem a ocorrer essas violações novamente. Tenho certeza que essas atrocidades aconteceram em diversas empresas do Brasil e a Fiat é só uma delas.
Ótimo artigo! Grato.
Muito obrigado TIB
Trabalho muito bem feito de montagem desses quebra-cabeças da história da FIAT no Brasil. Não tivéssemos um trabalho desse, jamais aprenderíamos com as lições e erros do passado.
Gostei, também, da ilustração do artigo. Atrai o leitor ao texto, porque instiga mistério numa trama ousada da empresa. Estão todos de parabéns.
Excelente publicação!
Incrível matéria. A indústria automobilística mundial, com seus inúmeros casos de corrupção e desvios éticos inaceitáveis, é diretamente responsável pelo que de pior acontece no mundo. Mortes, poluição, aquecimento global, degradação das cidades, corrupção de governos falidos, pode botar grande parte de tudo na conta desse setor especializado em criar máquinas mortíferas, supérfluas e viciadas em petróleo. Canalhas. A humanidade só terá chance de sobreviver quando essa indústria ser exterminada e os cidadãos voltarem a se locomover de forma sustentável no dia-a-dia. Se você é da classe média e ainda possui uma porcaria como essa, faça hoje mesmo um bem para o planeta e se desfaça de seu carro.
Concordo totalmente, colega. Mas, vai dizer isto pra um “crasse-média”. Como é que ele vai comprar pão na padaria da esquina? E azarar as mina? Se sentir livre sobre uma montanha (deus sabe como ele vai chegar lá em cima…) igual um comercial da tv?
Não é pra socorrer alguém numa urgência, nem pra ir pro serviço mais rápido (!). Quem quer isto, luta por investimento na saúde e por transporte público de qualidade. Eles preferem pedir estradas e aumentar a velocidade no perímetro urbano. Afinal, “é um direito!!!” Tô de saco tão cheio de gente com direito só pra si…
Mas, aí, vem a desculpa do emprego. Fazer metrô não dá emprego; fazer ônibus não dá emprego; fazer trem não dá emprego; investir em energia limpa não dá emprego. CARRO dá emprego. Siderúrgica dá emprego. Petróleo dá emprego. É aí que a crasse-média e a crasse-operária junta os dedinhos. E todo mundo se ferra junto, querendo ou não.
O resto é coisa de eco-chato.
Irmão, nem todo mundo vive nas adjacências de Paulista e Vila Mariana para ter metrôs e outros meios de transporte para se deslocar. Não culpe o usuário de automóvel. Culpe um quarto de século de tucanos que não fazem metrôs em São Paulo. Culpar as vítimas do sistema de transporte é muito fácil ;) abraços!
Olha, colega, isto valeu pra mim também. Mas, a culpa não por ter de usar o carro. É por não reivindicar algo melhor. Sem contar que são, como você disse, um quarto de século elegendo a máfia tucana em SP.
Não passa pela cabeça do paulistanos comum, na maioria das vezes, ter uma cidade com menos carro, que priorize o transporte público. Mesmo os mais cultos não se sentem responsáveis pelas consequências deste comodismo. O paulistano ainda tem arraigado este conceito ultrapassado de modernidade e progresso.
Meus respeitos.
Bem lembrado, Fernando. Os políticos em cargos executivos costumam alegar que os problemas não são resolvidos porque seus sucessores não dão continuidade às “ideias implantadas”. Então que o PSDB no executivo do estado mais rico da nação, e põe rico nisso, explique porque não resolveu os problemas de segurança, educação, saúde e habitação em 1/4 de século.
No caso da mobilidade na Capital o caso é ainda mais grave. Que o PSDB e o PT expliquem porque a Capital que tem o segundo maior PIB do Brasil, só perde para o próprio Estado, uma cidade que gera mais riqueza que 22 estados dos USA, não consegue resolver o problema de mobilidade e qualquer outro. Falta de recursos? Não. Roubalheira desenfreada dos dois partidos mafiosos.
Esses partidos não vão explicar nada, mas a porretada que levaram nas duas últimas eleições está explicada.
Parabéns pela ótima matéria, trabalhei na Fiat, em Betim por 6 anos e continua a mesma coisa dos tempos de ditadura , inclusive com os funcionários de “roupas impecáveis” espiões, mudou nada !
Sério? Até hoje???
Não que eu duvide. Só acho que se convive muito facilmente com estas neste país. Nem durante os governos Lula e Dilma teve trégua???
Parabéns pelo trabalho. É o tipo de matéria que deve deixar os estudantes de jornalismo orgulhosos do curso que escolheram. Pena que a grande imprensa brasileira de hoje — já desprovida de independência e de senso crítico — ignore o que seja ‘jornalismo investigativo’.