SE ALGUÉM COMPROU 10 mil dólares em ações divididas igualmente entre as cinco maiores empresas da indústria bélica dos Estados Unidos em 18 de setembro de 2001 – o dia em que o presidente George W. Bush assinou a Autorização para Uso de Força Militar em resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro – e reinvestiu religiosamente todos os dividendos, o valor agora chegaria a 97.295 dólares.
É um retorno muito maior do que o oferecido pela média do mercado de ações no mesmo período. Caso 10 mil dólares fossem investidos em um fundo do índice S&P 500 em 18 de setembro de 2001, hoje eles valeriam 61.613 dólares.
Ou seja, as ações da indústria bélica superaram o desempenho do mercado de ações em 58% durante a Guerra do Afeganistão.
Além disso, dado que as cinco maiores contratadas pelo Departamento de Defesa – Boeing, Raytheon, Lockheed Martin, Northrop Grumman e General Dynamics – fazem parte do índice S&P 500, isso significa que as demais empresas tiveram retornos menores do que a média do índice S&P.
Esses números sugerem que é um equívoco concluir que a imediata tomada do Afeganistão pelo Talibã após a saída dos Estados Unidos indicaria que a Guerra do Afeganistão foi um fracasso. Pelo contrário, da perspectiva de algumas das pessoas mais poderosas dos Estados Unidos, ela pode ter sido um sucesso extraordinário. É fato conhecido que os conselhos de administração de todas as cinco empresas incluem oficiais militares aposentados de alta hierarquia.
Vários analistas abordam essa questão no documentário de 2005 “Por que lutamos?” (Why We Fight), lembrando o alerta que o presidente Dwight Eisenhower fez sobre o complexo militar-industrial. Chalmers Johnson, acadêmico e ex-contratado pela CIA declara: “Garanto a você, quando a guerra se tornar lucrativa, teremos mais guerra.” Um tenente-coronel aposentado da Força Aérea diz: “Os americanos que têm um filho ou uma filha que será enviado … eles olham para o custo-benefício e dizem: ‘Não acho que isso seja bom’. Mas políticos que entendem as negociações, os contratos futuros, eles têm uma análise de custo-benefício diferente quando olham para a guerra.”
Estes são os números detalhados das principais empresas militares contratadas desde setembro de 2001. Todas, exceto a Boeing, recebem a grande maioria de suas receitas do governo dos Estados Unidos.
Todos os cálculos de retorno das ações foram feitos com a calculadora DRIP do Dividend Channel para o período de 18 de setembro de 2001 a 15 de agosto de 2021. Eles refletem os retornos brutos sem impostos e taxas, e não são ajustados pela inflação.
Tradução: Antenor Savoldi Jr.